Em 1607, com um aparelho chamado câmera escura, que consistia em um pequeno furo em uma parede para projetar a imagem do sol em uma folha de papel, o astrônomo e matemático alemão Johannes Kepler (1571-1630) registrou um grupo de manchas solares em três desenhos. Ele interpretou o fenômeno como uma passagem de Mercúrio pelo Sol, mas depois foi reclassificado como manchas solares, áreas na superfície do Sol que parecem mais escuras devido à intensa atividade magnética. Sua frequência e distribuição ocorrem em ciclos que afetam a radiação solar e o clima espacial. Uma equipe internacional liderada por pesquisadores da Universidade de Nagoya, no Japão, examinou os esboços, comparando-os com dados atuais, e os dataram como feitos em 28 de maio de 1607. A olho nu, Kepler localizou as manchas em baixa latitude, a leste do meridiano central, em contraste com os desenhos feitos com telescópios a partir de 1610 que mostram grupos de manchas solares em latitudes mais altas. Essa diferença sugere que o grupo de manchas solares de Kepler não pertencia ao início de um ciclo solar, mas ao final do ciclo anterior, e ajuda a entender a periodicidade desses fenômenos. “Esse é o esboço de mancha solar mais antigo já feito com uma observação instrumental”, disse Hisashi Hayakawa, o principal autor do estudo, ao site EurekAlert (Astrophysical Journal Letters e EurekAlert, 25 de julho).
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