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BOAS PRÁTICAS

Ascensão e queda

Imagens suspeitas em artigos derrubam diretor de programa de pesquisa sobre doença de Alzheimer

Um comunicado dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos informou que uma investigação interna encontrou indícios de falsificação e fabricação de imagens em dois artigos científicos do neuropatologista Eliezer Masliah, de 65 anos. Desde 2016, ele era o diretor da Divisão de Neurociência do Instituto Nacional do Envelhecimento, uma das unidades dos NIH. Segundo o anúncio, Masliah não ocupa mais nenhuma função executiva na instituição. O pesquisador, que fez carreira na Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, liderava há oito anos um esforço bilionário de pesquisa para investigar a doença de Alzheimer – só no último ano fiscal, o orçamento sob sua coordenação chegou a US$ 2,6 bilhões, o equivalente a R$ 14,1 bilhões.

Especialista em Alzheimer e Parkinson, ele é autor de mais de 800 artigos de pesquisa sobre como essas doenças danificam as sinapses, as regiões de contato entre os neurônios. Também escreveu trabalhos influentes sobre uma proteína ligada às duas doenças, a alfa-sinucleína. Seu prestígio sofreu um primeiro abalo há cerca de dois anos, quando uma investigação feita pela revista Science mostrou que ele utilizou as mesmas imagens de Western Blot – método usado na biologia molecular para identificar proteínas – e de micrografia de tecido cerebral em artigos que descrevem experimentos diferentes. Recentemente, um neurocientista e um analista forense produziram um dossiê de 300 páginas revelando um fluxo de imagens suspeitas entre 1997 e 2023 em 132 dos artigos publicados por Masliah.

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