Os radares e os satélites de previsão meteorológica não previram as chuvas intensas que alagaram Blumenau e outras cidades do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, em novembro de 2008. Portanto, podem voltar a não funcionar para prevenir a chegada de outros episódios climáticos extremos, alerta Reinaldo Haas, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em um seminário promovido pela Fundação Bunge na Universidade de São Paulo, ele comentou que os equipamentos não detectaram a iminência da tragédia catarinense porque as chuvas se formaram em regiões de baixa altitude, muito próximas da superfície. “É um fenômeno climático ainda pouco conhecido”, relatou. “Um amigo me telefonou contando que via a chuva, mas não escutava o barulho da chuva”. Ele havia detectado a chegada de chuvas intensas à região por meio de modelos climáticos computacionais com que trabalha com seu grupo na UFSC. “Avisamos a defesa civil 10 dias antes, mas não fomos ouvidos.” Prakki Satyamurty, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), lembrou que o desmatamento de encostas de morros ampliou bastante o efeito das chuvas. “Encostas não deslizam à toa”, disse. Segundo Haas, a cidade catarinense de Tubarão viveu uma tragédia ainda pior em 1974, quando chuvas intensas, de causas diferentes das de 2008, deixaram 199 mortos e cobriram 80% da cidade.
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