Vastas quantidades de bactérias do gênero Vibrio, causadoras da cólera, foram identificadas em 2011 na baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, e consideradas um dos motivos da mortalidade de peixes ali verificada três anos depois, para a qual devem ter contribuído as toxinas liberadas por algas em proliferação nas águas poluídas. Segunda maior da costa do Brasil, com uma área de 384 quilômetros quadrados e cercada por uma área urbana com 16 milhões de habitantes, a baía da Guanabara é um caldeirão de microrganismos causadores de doenças provenientes de esgoto doméstico, resíduos hospitalares e dejetos industriais não tratados de 16 municípios, de acordo com levantamento de pesquisadores de universidades e centros de pesquisa do Rio de Janeiro, de Brasília e da Holanda (Frontiers in Microbiology, novembro de 2015). Em microrganismos das águas da baía também foram encontrados genes de resistência a antibióticos. Os autores do estudo observaram que a degradação da baía começou na década de 1930 com o processo de industrialização e alertam que o plano de despoluição, fortalecido pela realização dos Jogos Olímpicos neste ano, poderia restaurar a qualidade da água para níveis próximos a 80% de pureza, desde que todo o esgoto residencial e industrial hoje despejado ali seja tratado. Hoje, a qualidade da água só não é pior porque correntes marinhas entram na baía e diluem a poluição. A entrada estreita da baía, as marés e o regime de ventos impedem uma ação mais intensa da água do mar. Como resultado, a renovação de metade do volume da água da baía demora em média 11 dias.
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