Muitas vezes espécies diferentes de borboletas tóxicas são fisicamente parecidas: apresentam asas com desenhos e cores semelhantes. Não é apenas coincidência. Essa semelhança é resultado de uma estratégia evolutiva conhecida como mimetismo mülleriano, em que espécies distintas se beneficiam de uma característica em comum: um animal que se envenene ao tentar almoçar uma borboleta tóxica passará a evitar todas com aquele padrão de desenhos e cores. Para entender como surgem asas semelhantes, a francesa Marianne Elias, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, analisou 58 espécies de borboletas amazônicas. Achou a resposta ao associar conceitos de ecologia e biologia evolutiva: mais do que o parentesco, asas semelhantes entre espécies diferentes são resultado de uma cooperação ecológica que se mantém ao longo do tempo. O trabalho, publicado na revista PLoS Biology, sugere que o mimetismo surge em espécies que compartilham um mesmo hábitat. Com o tempo, essas espécies vão se tornando cada vez mais semelhantes ecologicamente, ampliando os benefícios de serem parecidas. Para os autores, os resultados mostram a importância de incluir o parentesco entre as espécies em estudos ecológicos e apresentam o mimetismo como uma força evolutiva importante no aparecimento de novas espécies.
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