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carta da editora | 350

Café com píons

Café é a bebida mais consumida no Brasil, depois da água. Na xícara ou no copo americano, com ou sem açúcar, acompanhando o pão na chapa de manhã ou fechando a refeição, é onipresente em casas, escritórios, fábricas, restaurantes e bares. No Brasil, segundo maior consumidor mundial e o maior produtor, o café é sempre superlativo.

Inovações tecnológicas, como equipamentos para avaliar os componentes do solo e provadores eletrônicos; avanços científicos, como o sequenciamento do genoma da espécie arábica; e aperfeiçoamentos nas técnicas de cultivo e beneficiamento dos grãos caracterizam uma nova etapa de produção, pautada pela busca
da qualidade. Na reportagem de capa, o editor de Ciências da Terra, Carlos Fioravanti, traz um panorama sobre o café, há 300 anos ocupando um papel central na história do país.

É impossível ter envolvimento com atividades de pós-graduação e pesquisa no Brasil e não ter ouvido falar em Lattes. A inovadora plataforma de currículos, grupos de pesquisa e instituições, que completa 25 anos, ajudou a sistematizar as atividades de pesquisadores no país. Talvez nem todos saibam que ela homenageia César Lattes, um físico brasileiro que se destacou nacional e internacionalmente, cujo centenário se comemora neste ano.

Especial ricamente ilustrado, concebido e produzido pelo editor de Ciências Exatas, Marcos Pivetta, apresenta o personagem para quem ainda não o conhece, ou sabe de alguns aspectos de sua marcante trajetória. Seu trabalho na área de raios cósmicos e com aceleradores de partículas lhe permitiu comprovar, por diferentes abordagens, a existência de uma das partículas subatômicas previstas em teoria, o méson pi, ou píon.

Era o período pós-guerra. A física estava no noticiário e alimentava ideias de desenvolvimento e progresso. Ao invés de seguir carreira no exterior, Lattes optou por voltar ao Brasil e virou celebridade. Usou seu prestígio para contribuir com a institucionalização da ciência no país, colaborando ativamente na fundação do CNPq e do CBPF, do qual foi o primeiro diretor científico.

Capas de livros podem parecer um detalhe para muitos leitores, mas são elas que atraem o olhar para as estantes das livrarias e bibliotecas. Recomendo um passeio pelos projetos produzidos por artistas pioneiros da ilustração literária moderna nacional. Além de proporcionar prazer estético, a reportagem fala do relacionamento dos capistas com os autores e sobre “inspirações” no exterior. Dessa seleção, minha favorita é A mata submersa, de Peregrino Júnior, com projeto de Luis Jardim, artista gráfico que produziu mais de 300 capas para a Livraria José Olympio Editora ao longo de cinco décadas.

Maio de 2024 trouxe o maior desastre climático da história do país. Pesquisas científicas reportadas por inúmeros veículos de comunicação mostram que eventos extremos têm se tornado cada vez mais frequentes – e ainda mais extremos. É fato conhecido que o Rio Grande do Sul possui relevo e hidrografia que dificultam o escoamento das águas, que motivou a implantação de um sistema de contenção de enchentes. Um volume de chuva muito além do normal, risco previsto pelo Cemaden em abril, a falta de manutenção do sistema, a ausência de plano de emergência e a ocupação desordenada do território resultaram na atual tragédia.

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