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CARTA DA EDITORA 314

Caminhos e trocas

Em dezembro passado, uma instituição bancária lançou campanha publicitária com dicas para consumidores reduzirem sua pegada de carbono. Entre as propostas, a sugestão de diminuir o consumo de carne gerou forte reação do setor pecuário, como a promoção de churrascos diante de agências do banco.

Entre as fragilidades dessa atividade econômica hoje, pesa o fato de ser uma enorme fonte de emissão de metano, contribuindo para o aquecimento global – representa 19% do total de emissões nacionais de gases de efeito estufa. Um país com o maior rebanho comercial do mundo tem a responsabilidade de realizar esforços para desenvolver e implementar tecnologias que permitam ao setor emitir menos carbono e ter menos impacto no clima do planeta.

O jornalista Domingos Zaparolli, colaborador frequente de Pesquisa FAPESP, e o editor de Tecnologia, Yuri Vasconcelos, trazem um panorama das iniciativas para reduzir as emissões da pecuária no Brasil, incluindo um caminho desenvolvido pela Embrapa que promove a integração do cultivo agrícola com a criação de gado e o plantio de floresta.

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Para quem tem idade suficiente, acompanhar a pandemia do Sars-CoV-2 em alguns aspectos lembra o auge da crise da Aids, nos anos 1980-90. Uma doença misteriosa, também causada por vírus, cujo diagnóstico inicialmente era uma sentença de morte. Com o surgimento dos medicamentos antirretrovirais, a sobrevivência e a qualidade de vida dos pacientes HIV+ cresceram substancialmente. Mais recentemente, diferentes grupos de pesquisa avançam em busca da chamada cura funcional da infecção. Isso significa impedir a replicação do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), que causa a Aids, sem a necessidade de uso contínuo dos antirretrovirais.

Uma estratégia terapêutica concebida e testada no Brasil passou na prova de conceito, isto é, o ensaio clínico de fase I/II mostrou que a proposta é promissora. Ela envolve a substancial redução de HIV no organismo com antirretrovirais e outros compostos, seguida do uso de uma vacina personalizada que ajuda o sistema de defesa a encontrar e destruir os vírus que sobreviveram à medicação.

Desde março de 2020 Pesquisa FAPESP se dedica à cobertura do novo coronavírus, e foi criada seção em que colhemos depoimentos de pesquisadores sobre os impactos da Covid-19. Avaliamos que, em um período tão atípico, fazia sentido trazermos um relato mais pessoal, sem perder o lastro na atividade científica que pauta nossa produção. Já foram quase 100 relatos, e pela primeira vez a própria revista é protagonista da narrativa recontada a partir da página 45. O estudante de doutorado e professor de ensino técnico João Neves nos enviou um relato detalhado e ilustrado, base para o depoimento que integra esta edição, contando como ele estruturou seu curso de história na Escola Técnica Estadual do Centro Paula Souza de Mogi Mirim, interior de São Paulo, em torno de reportagens publicadas nesta revista sobre a pandemia e outros temas relevantes para o currículo da disciplina.

Em março de 2022, passados exatos dois anos, voltamos à nossa redação – ao espaço físico onde a equipe que produz, divulga e comercializa Pesquisa FAPESP se encontra para trabalhar. Animados com a perspectiva de novas trocas e inspirados pelo relato de João Neves, convidamos nossos leitores a falar conosco. Nossos contatos estão no alto da página ao lado; comentários, sugestões, questionamentos, críticas construtivas e elogios são muito bem-vindos.

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