O canto do pula-pula-assobiador (Basileuterus leucoblepharus) não é um trinado qualquer. Reproduzindo gravações naturais experimentalmente modificadas de cantos do pula-pula na floresta, pesquisadores franceses e brasileiros decifraram recentemente a complexa comunicação dessa ave que habita a Mata Atlântica. Cada parte de seu repertório tem características acústicas que se propagam de maneira diferente e por isso transmitem informações específicas. Notas que identificam a espécie do cantador, uma informação pública, atingem uma ampla área da floresta. Já a estrofe que identifica o indivíduo é reservada a vizinhos e não chega tão longe, constatou a equipe, formada por grupos da Universidade Estadual de Campinas, da Universidade Federal do Pará e da Universidade de São Paulo. Modulações acústicas permitem também que um pula-pula, ao ouvir um chamado, localize seu interlocutor (PloS One). Segundo os autores do estudo, o canto dessa espécie é um exemplo de adaptação evolutiva a um ambiente como a Mata Atlântica, em que a floresta fechada impõe desafios à comunicação.
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