O Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), acaba de divulgar as primeiras estatísticas oficiais sobre a população quilombola residente no Brasil: são 1.327.802 pessoas que se autodeclararam quilombolas, ou 0,65% do total de moradores do país. Quilombolas são povos que vivem em regiões remanescentes de quilombos, comunidades que, no passado, resistiram ao regime escravocrata.
De acordo com o Censo, o Nordeste concentra a maior parte da população quilombola do país, com 68,19% do total, ou 905,4 mil pessoas, seguido pelo Sudeste, que registra 182,3 mil habitantes, e o Norte, com 166 mil pessoas. Essas duas últimas regiões congregam 26,24% da população quilombola brasileira. Os estados da Bahia (29,90%) e do Maranhão (20,26%) registram a maior quantidade de pessoas quilombolas residentes no país. Por sua vez, na Amazônia Legal, área que abrange nove estados, o Censo identificou 426,4 mil pessoas quilombolas, o que representa 1,6% da população da região e quase um terço (32,1%) dos quilombolas vivendo em território nacional.
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Das 5.568 cidades brasileiras, 1.696 tinham habitantes quilombolas, sendo que somente 326 delas contam com territórios oficialmente delimitados, ou seja, áreas com reconhecimento formal do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), de órgãos estaduais ou municipais. Os municípios que identificaram a existência das maiores quantidades de pessoas quilombolas foram: Senhor do Bonfim (BA), com 15,9 mil habitantes, Salvador (BA), com 15,8 mil, Alcântara (MA), com 15,6 mil, e Januária (MG), com 15 mil. Em 473,9 mil domicílios particulares, o Censo identificou a presença de pelo menos um morador quilombola.
O Censo também identificou a existência de 494 territórios quilombolas oficialmente delimitados, onde viviam 203,5 mil pessoas, das quais 82,56% eram quilombolas. O levantamento do IBGE constatou, ainda, que somente 12,60% da população quilombola do Brasil morava em territórios oficialmente reconhecidos em 2022. De acordo com o instituto, o recorte geográfico que corresponde a território quilombola oficialmente delimitado abarca uma entidade fundiária que pode ser utilizada para diferentes usos além de moradia. Entre eles, cultivo, pesca ou outras atividades tradicionais que garantem a manutenção física, social, econômica e cultural dessa população.
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O Pará é o estado com a maior quantidade de territórios quilombolas oficialmente delimitados, totalizando 87 unidades, seguido pelo Maranhão, com 81. A Bahia, unidade da federação com a maior população quilombola, é o terceiro estado com mais territórios delimitados, somando 48 unidades. Isso significa que a Bahia é o estado que tem a maior quantidade dessa população vivendo fora de territórios oficialmente delimitados, registrando 376,3 mil pessoas nessa situação.
O Censo de 2022 mapeou a população quilombola por meio de trabalho conjunto realizado com lideranças comunitárias, que apoiaram o mapeamento de comunidades e atuaram como guias de recenseadores. No começo de agosto, o IBGE prevê a divulgação dos primeiros resultados referentes às populações indígenas.
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