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Brasil

Cheiros e Palavras

“O olfato humano é muito pouco confiável”, concluiu o neurobiólogo Ivan Araújo. Durante seu doutoramento na Universidade de Oxford, na Inglaterra, ele mostrou como estímulos quimicamente idênticos geram respostas diferentes em função de um segundo estímulo externo, como uma palavra ou um rótulo, que ativou áreas do cérebro ligadas ao olfato e ao processamento de recompensas – a perspectiva de comer o que cheira tão bem. Araújo apresentou a 12 pessoas o cheiro de queijo cheddar combinado com ácido isovalérico, cujo aroma se assemelha ao de odores corporais. Depois mostrou rótulos de “queijo cheddar” ou “odor corporal”: o cheiro foi considerado mais agradável sob o rótulo de queijo. Algumas áreas do cérebro, como o córtex piriforme e a amígdala, mostraram-se mais ativas quando o rótulo era de queijo. Em outra parte desse experimento, publicado na Neuron, criou-se uma ilusão olfativa, dando nomes como “queijo cheddar” ou “odor corporal” ao ar limpo liberado por uma válvula. As mesmas áreas ligadas ao olfato foram acionadas, ainda que menos intensamente, sob o ar limpo apresentado como cheiro de queijo, mas nenhuma das duas etiquetas de “odor corporal” ativou essas regiões do cérebro.

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