A Royal Economic Society (RES), associação profissional de economistas sediada em Londres, divulgou os resultados de uma pesquisa realizada com 284 pesquisadores de departamentos de economia de universidades do Reino Unido sobre o seu ambiente de trabalho. Quase metade dos que responderam (47%) afirmou ter sofrido ou testemunhado pessoalmente discriminação ou tratamento injusto no trabalho, como assédio e bullying, nos últimos cinco anos.
Segundo o levantamento, dois terços dos incidentes não foram relatados por canais formais. Isso porque quase metade dos entrevistados disse não acreditar que uma ação efetiva fosse ser tomada contra o perpetrador. Em vez de denunciar, as vítimas de discriminação disseram se defender por conta própria, por exemplo, deixando de comparecer a conferências onde temiam se sentir constrangidas ou mesmo se afastando de áreas de pesquisa para evitar o assédio. “A própria instituição do entrevistado foi comumente citada como o cenário desses incidentes, com os colegas mais experientes sendo frequentemente identificados como os perpetradores”, afirma o relatório com as conclusões da pesquisa.
A percepção de discriminação variou de acordo com o gênero e a raça dos entrevistados. Cinquenta e quatro por cento das mulheres economistas consideraram que sua comunidade acadêmica é discriminatória, em comparação com 38% dos homens. Setenta e um por cento dos entrevistados brancos classificaram sua disciplina como inclusiva, ante 52% dos entrevistados de outros grupos étnicos.
Em uma pergunta sobre a integridade da pesquisa, 46% disseram achar satisfatório o comportamento dos colegas, embora também tenham testemunhado atitudes que ficaram aquém dos padrões esperados. Outros 11% descreveram a integridade da pesquisa em seu meio como fraca. Imran Rasul, professor do University College London e presidente da RES, afirmou à revista eletrônica Times Higher Education que a organização vai estudar ações para tornar o ambiente acadêmico dos economistas mais inclusivo e respeitoso. “Continuaremos a ampliar nossa compreensão das questões levantadas e a criar ferramentas claras para permitir que indivíduos e departamentos melhorem o clima profissional para todos”, disse.
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