O anúncio dos vencedores do Prêmio Nobel de Química, concedido no mês passado aos norte-americanos Robert Lefkowitz, da Universidade Duke, e Brian Kobilka, da Universidade Stanford, foi comemorado por uma pesquisadora brasileira que tem uma produtiva colaboração com Kobilka. Patricia Chakur Brum, professora da Escola de Educação Física e Esporte e pesquisadora do Laboratório de Fisiologia Celular e Molecular do Exercício da Universidade de São Paulo (USP), fez um pós-doutorado em Stanford entre 1999 e 2001 no grupo de Kobilka, com bolsa da FAPESP, e também teve o apoio dele em seu projeto no âmbito do programa da FAPESP Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes, entre 2003 e 2007. Foi Kobilka quem forneceu os camundongos nocaute para receptores adrenérgicos que Patricia utilizou em sua pesquisa sobre a contribuição da hiperatividade nervosa simpática na insuficiência cardíaca (ver Pesquisa FAPESP nº 79). Ela utilizou camundongos com inativação gênica de dois receptores que regulam os batimentos cardíacos – os receptores alfa 2a e alfa 2c adrenérgicos. Os camundongos nocaute tinham hiperatividade simpática semelhante à dos humanos, o que culminou em insuficiência cardíaca grave e 50% de mortalidade aos 7 meses de idade. “O Brian me ajudou bastante e sempre o visito quando vou a Stanford”, diz Patricia, que até setembro era uma das coordenadoras da área da Saúde da FAPESP e atualmente cumpre um período sabático na Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. O Nobel reconheceu o trabalho com receptores acoplados às proteínas G, que permitem ao corpo sentir seu entorno e adaptar-se a novas situações. Em 1970, Lefkowitz descobriu o primeiro receptor desse tipo. Na década seguinte, começou a buscar o gene responsável pela construção desse receptor e contratou o jovem Brian Kobilka para ajudá-lo.
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