A cidade chilena de Alto Hospício, a 600 metros acima do nível do mar, no deserto de Atacama, é uma das áreas mais secas do mundo. Ali chove menos de 1 milímetro por ano. A água provém principalmente de rochas porosas do subsolo, mas está emergindo outra forma de obtê-la: colhendo-a da neblina que se forma à noite e de manhãzinha, com um painel suspenso por dois postes; as gotas se acumulam na malha da superfície vertical e caem numa calha até os tanques de armazenamento. Projetados por pesquisadores das universidades Mayor e Católica, ambas no Chile, os painéis foram testados durante um ano e meio em altitudes maiores, fora dos limites da cidade. Retiveram diariamente entre 0,2 e 5 litros por metro quadrado (L/m2), o que seria água suficiente para beber, para a irrigação e a produção agrícola local. Com base em uma taxa média anual de coleta de água de 2,5 L/m2 por dia, estimou-se que 17 mil m2 de painéis poderiam produzir 300 mil litros, o bastante para atender à demanda semanal de água dos moradores. Os resultados dependem, porém, da densidade da neblina, que varia ao longo do ano, do vento e do relevo (Frontiers in Environmental Science, 20 de fevereiro).
