O Instituto de Medicina, organização vinculada à Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, está ajudando a Universidade Duke a criar padrões que garantam a integridade ética dos testes clínicos feitos por seus pesquisadores.
O trabalho, que deve ser concluído em meados de 2012, é uma resposta a um escândalo que envolveu dois pesquisadores de Duke: Anil Potti e Joseph Nevins. Em artigos publicados em 2006, a dupla apresentou um método que seria capaz de predizer a evolução de pacientes com câncer pulmonar e uma técnica que usou a expressão gênica em culturas de células de câncer para prever qual quimioterapia seria mais eficaz em cada vítima de câncer de pulmão, de mama ou de ovário. Os pesquisadores Keith Baggerly e Kevin Coombes, do MD Anderson Cancer Centre, encontraram inconsistências nos artigos e pediram esclarecimentos. Potti e Nevins admitiram vários erros, mas começaram a recrutar pacientes para ensaios clínicos envolvendo as técnicas. Lisa McShane, do Instituto Nacional do Câncer (NCI), também não conseguiu reproduzir os resultados – e avisou seus superiores. O NCI pediu providências e os testes foram suspensos. Mas o comitê de investigação de Duke se contentou com as explicações de Potti e liberou os ensaios em fevereiro de 2010. Soube-se em seguida, numa carta publicada na revista Cancer Letters, que Potti também mentira ao informar sobre seu currículo e dotações que recebeu. No final de 2010, Potti deixou Duke, acusado de roubar dados de outros pesquisadores. Na investigação feita pelo Instituto de Medicina, Rob Califf, vice-reitor da universidade, classificou o escândalo como um caso de “efeito queijo suíço”, em que 15 coisas diferentes tinham de dar errado para que os problemas fossem detectados.