A demissão de um cientista venezuelano recolocou a discussão sobre os limites da liberdade acadêmica no país. O biólogo Jaime Requena, professor da Fundação Instituto de Estudos Avançados da Venezuela (Idea), foi demitido pelo diretor do órgão, Prudencio Chacón. Requena, que tem 40 anos de carreira e foi diretor do Idea nos anos 1980, diz que um trabalho de sua autoria e suas críticas ao governo Hugo Chávez motivaram a demissão. Recentemente, o biólogo trabalhou na análise da produção científica venezuelana, avaliando a publicação de artigos em periódicos nacionais e internacionais. Concluiu que a produtividade é a menor dos últimos 25 anos. Em janeiro de 2008 ele já havia escrito uma carta, publicada na revista Nature, em que denunciava a falência do financiamento público para projetos científicos na Venezuela. Oficialmente, Requena foi demitido por conflito de interesses: teria recomendado a compra pelo Idea de um software desenvolvido por uma universidade privada na qual também leciona. Luis Carbonell, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Associação Venezuelana para o Avanço da Ciência, disse à agência SciDev.Net que o episódio é emblemático do cerco do governo à independência dos pesquisadores.
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