Um em cada dez pinguins que às vezes chegam ao litoral brasileiro carrega o vírus influenza tipo A, a que pertence o da gripe suína, mas de baixa letalidade. De 2% a 3% dos marrecos, maçaricos e patos, que no final de todo ano fogem do inverno do hemisfério Norte e lotam as ilhas do litoral brasileiro até meados do ano, também portam o vírus da influenza quando voltam. “São aves sadias, que não adoecem por causa dos vírus que carregam”, diz Edison Durigon, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP), que coordena um programa nacional de monitoramento de vírus em aves silvestres. As conclusões, que resultam de análises de sangue e fezes, podem alertar sobre o risco de vírus mais perigosos chegarem às pessoas, gerando epidemias como a da gripe suína ou a da gripe aviária, que começou na China e recentemente causou a morte de 200 pessoas no Egito. Os resultados da equipe da USP mostraram que as aves migratórias não se infectam aqui, como suspeitavam pesquisadores de outros países. “Elas já chegam infectadas”, afirma Durigon. Mesmo com o reforço de outros dois grupos, a equipe da USP consegue analisar apenas cerca de mil aves por ano, capturadas na Amazônia, em Recife, em Santa Catarina e na Antártida. “Nos Estados Unidos, 35 laboratórios estaduais e universidades fazem testes para influenza em 50 mil a 70 mil aves migratórias por ano.”
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