Durante o período de amamentação, as mulheres devem evitar certos tratamentos contra a leishmaniose. A biomédica Karen Friedrich, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostrou que o antimônio, elemento principal do antimoniato de meglumina, o medicamento mais usado para tratar a doença que infecta cerca de 30 mil pessoas a cada ano no Brasil, pode passar para o bebê pelo leite materno. Durante seu doutorado, concluído em 2008, Karen administrou o medicamento a ratas lactantes e detectou o antimônio nos filhotes. Ainda falta fazer testes em seres humanos, mas para ela o resultado já é suficiente para recomendar que não se usem remédios com antimônio durante a lactação. Mas surge um problema: a leishmaniose atinge sobretudo a população mais carente, com acesso limitado a substitutos ao leite materno caso o tratamento seja necessário. A pesquisa – que recebeu menção honrosa no 1º Encontro Ibero-americano de Toxicologia e Saúde Ambiental – revela um dilema social, além de um problema de saúde pública.
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