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boas práticas

Denúncia atrasa premiação na Alemanha

DFG / Falk Wenzel Britta Nestler, entre o presidente da DFG, Peter Strohschneider, e a ministra da Educação, Johanna Wanka, recebe o Prêmio LeibnizDFG / Falk Wenzel

Com quatro meses de atraso, a Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa (DFG) concedeu à matemática e cientista de materiais Britta Nestler, 45 anos, o Prêmio Leibniz, que todos os anos reconhece o trabalho de cerca de uma dezena de líderes de pesquisa no país oferecendo a cada um deles € 2,5 milhões para investir em seus projetos ao longo de sete anos. Enquanto os outros nove ganhadores do prêmio foram agraciados no dia 15 de março, Nestler, pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, só pôde receber a condecoração no dia 4 de julho. Nesse intervalo, ela enfrentou uma investigação por má conduta científica na DFG – e foi inocentada.

A lista dos agraciados havia sido divulgada em dezembro e, em março, poucos dias antes da cerimônia, uma denúncia anônima acusou a pesquisadora de fraude em projetos de pesquisa financiados pela DFG, que é a principal agência de apoio à pesquisa básica da Alemanha. O teor da denúncia foi mantido em sigilo pela DFG, que abriu uma investigação e decidiu suspender temporariamente a premiação já anunciada. “Embora tenha sido uma decisão difícil, ela foi feita para preservar os interesses de Britta Nestler, da DFG e do Prêmio Leibniz”, disse Dorothee Dzwonnek, secretária-geral da agência, na cerimônia de premiação. “Em seguida, trabalhamos arduamente para investigar todos os aspectos das alegações, ouvimos Nestler e contratamos um revisor externo antes que o nosso comitê de inquérito de alegações de má conduta abordasse o assunto. Essa investigação não revelou evidências de má conduta.”

A entrega do Prêmio Leibniz ocorreu na reunião anual da DFG na cidade de Halle, na presença da ministra da Educação e Pesquisa da Alemanha, Johanna Wanka.“É importante para a DFG que a Britta Nestler receba esse prêmio em uma cerimônia formal e na presença de quem toma decisões políticas”, disse Dzwonnek. Nestler não se pronunciou.

Não é a primeira vez que a DFG passa por uma situação desse tipo. Segundo a revista Der Spiegel, em 2005 a professora de medicina Stefanie Dimmeler também teve o prêmio suspenso após ser acusada de fraude. Comprovou-se que ela usou uma mesma imagem em vários artigos como se representassem experimentos diferentes. A DFG concluiu que ela não agiu de má-fé, tampouco o equívoco comprometeu a veracidade dos trabalhos publicados. Ela recebeu o prêmio.

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