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Boas práticas

Digitalização para combater o plágio

O Fundo Fiduciário de Educação Terciária (TETFund) da Nigéria, que financia as instituições públicas de ensino superior do país, vai começar a digitalizar teses e trabalhos científicos produzidos por seus estudantes e docentes e armazená-los no recém-criado Repositório Nacional de Pesquisa. O objetivo é preservar o conhecimento produzido pelas universidades nigerianas e franquear ao público o acesso a resultados de pesquisa. A estratégia também busca combater a má conduta científica no país. “Um grande benefício da digitalização é que ela nos auxiliará a verificar a ocorrência de plágio em trabalhos acadêmicos. Queremos desencorajar essa prática entre pesquisadores de todos os níveis”, afirmou Suleiman Bogoro, secretário-executivo do TETFund, em um evento que apresentou o projeto a bibliotecários de instituições de todo o país, de acordo com o site do jornal The Nation.

Um levantamento feito em 2018 pela Comissão Nacional das Universidades (NUC) da Nigéria mostrou que havia algum grau de plágio em cerca de 60% dos ensaios produzidos por estudantes de graduação naquele ano. Entre as dissertações de mestrado, chegou a 15% a proporção de trabalhos que copiaram trechos de outras fontes sem atribuir a autoria de forma adequada, enquanto entre as teses de doutorado a taxa foi de 8%. O problema também atinge o topo da carreira acadêmica e há tempos é combatido nas instituições de ensino superior. A Universidade de Calabar demitiu em 2013 quatro docentes acusados de plágio: Azubuike Iloeje e Maurice Bisong, dos departamentos de Estudos Literários, Oden Ubi, de Marketing, e Paulinus Noah, de Linguística e Estudos da Comunicação. Em outro caso rumoroso, dois professores do Departamento de Economia da Universidade de Porto Harcourt foram processados por copiar obras do acadêmico nigeriano Victor Dike, da Escola de Engenharia e Tecnologia da Universidade Nacional de Sacramento, nos Estados Unidos.

De acordo com Suleiman Bogoro, os principais desafios do programa de digitalização de teses envolvem limitações orçamentárias e a necessidade de ampliar a capacidade organizacional e técnica das bibliotecas. Em um primeiro momento, serão criadas plataformas eletrônicas para a submissão de trabalhos acadêmicos enquanto os responsáveis pelas bibliotecas receberão treinamento on-line para lidar com as novas atividades. Os recursos para o programa virão do orçamento do TETFund, que é abastecido por um imposto de educação de 2% sobre o lucro das empresas nigerianas e financia projetos de desenvolvimento acadêmico em 226 instituições de ensino superior do país – no ano passado, o orçamento do fundo foi de cerca de US$ 700 milhões.

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