O primeiro laboratório de bioaromas do país, inaugurado em 1998, na Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, foi totalmente reformado e ampliado com recursos do Infra da FAPESP. “De uma simples ‘casinha’, onde eram feitas as pesquisas iniciais, surgiu um laboratório com instalações e equipamentos de ponta, que é atualmente referência no Brasil e no exterior na produção de aromas naturais a partir da transformação de microrganismos”, afirma Gláucia Maria Pastore, chefe do Laboratório de Bioaromas e Carotenóides.
As novas instalações permitem o desenvolvimento de pesquisas como a de obtenção do óxido de rosas, base para aromatização de alimentos e cosméticos, como o perfume Chanel 5, imortalizado por Marilyn Monroe. Retirado in natura apenas de roseiras da Bulgária e em quantidades muito pequenas, ele é comprado a preço de ouro no mercado internacional. “É um produto tão valioso que empresas alemãs buscam em todo o mundo quem detenha a tecnologia da sua produção”, explica Gláucia Maria.
O óxido de rosas é obtido a partir de amostras de folhas e frutos nativos, extraído do solo e da água de rios do interior de Alagoas e região do São Francisco. As amostras são incubadas em meio líquido e os microrganismos isolados são inoculados em cascas de laranja, um resíduo geralmente descartado em quantidade no Brasil e que contém limoneno. O resultado é o raríssimo óxido de rosas.
O laboratório também produz aromas de queijo, obtidos com fungos em leite, utilizados em biscoitos, arroz semipronto e outros produtos alimentícios de interesse de empresas brasileiras. Ainda na área alimentícia, são feitos testes de bactérias com função antibiótica para tentar resolver problemas como os de armazenamento de salsichas em geladeiras domésticas. Outra linha de pesquisas, para a caracterização do licopeno, está sendo desenvolvida para a Associação de Produtores de Goiaba. O licopeno tem função anticancerígena e anti-radicais livres e é encontrado nessa fruta em quantidade e qualidade mais significativas que no tomate.
Cooperação
O padrão de qualidade adquirido pelo Laboratório de Bioaromas e Carotenóides possibilitou o estabelecimento de uma linha de cooperação com a Universidade de Hannover, na Alemanha, que possui laboratório similar, para intercâmbio de alunos e professores. O laboratório também tem parceria com a Universidade de Milão, na Itália, e com a Ohio State University, nos Estados Unidos.O quadro de pesquisadores do laboratório inclui Délia Rodriguez Amaya, considerada a maior especialista do mundo em carotenóides.
As suas pesquisas com pigmentos amarelos em frutas e vegetais contam com US$ 1 milhão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os resultados já foram publicados no exterior, divulgados em encontros internacionais e geraram acordo de colaboração com vários organismos e universidades internacionais.
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