Acusado de assediar sexualmente estudantes, o compositor Robert Beaser foi demitido do corpo docente da Juilliard School, prestigiada instituição de ensino superior de artes, música e dramaturgia em Nova York, nos Estados Unidos. Uma investigação independente feita por um escritório de advocacia apontou evidências de que ele se envolveu em condutas “inconsistentes com o compromisso da Juilliard de fornecer um ambiente de aprendizado seguro e favorável para seus alunos” e que teve um “relacionamento não declarado” que violava a política escolar, segundo comunicado enviado por e-mail pela direção da escola a alunos, funcionários e professores.
O compositor estava licenciado das funções docentes desde dezembro, quando uma reportagem da revista de música clássica Van reproduziu relatos de uma ex-aluna da Juilliard, Suzanne Farrin, sobre investidas de professores da escola contra alunas – além de Beaser, seu colega Christopher Rouse, que já morreu, também foi acusado de assédio. Segundo a reportagem, Beaser havia sido denunciado formalmente por alunas em 2018. A uma delas teria oferecido vantagens caso se relacionasse com ele, em aulas que ministrava em seu próprio apartamento. Robert Beaser dirigiu o Departamento de Composição da instituição entre 1994 e 2018. Até 2016, todos os docentes desse departamento eram homens. A primeira mulher contratada para lecionar ali foi Melinda Wagner, que se tornou diretora em 2018, no lugar de Beaser.
O advogado do compositor, Richard C. Schoenstein, disse à rede de notícias CNN que Beaser “nega ter assediado sexualmente qualquer pessoa e que o anúncio da Juilliard não indicou nenhuma evidência – confiável ou não – de assédio sexual”. Segundo ele, o “relacionamento não declarado” ocorreu há 30 anos, era conhecido por muita gente na escola e havia sido objeto de investigações anteriores, que não apontaram nada de errado. Segundo a CNN, a escola planeja proibir qualquer tipo de relacionamento amoroso ou sexual entre professores e alunos a partir do segundo semestre. Já eram vedadas as relações de docentes com estudantes de graduação, mas não com os de pós-graduação, pois a escola considerava até então que não envolviam desequilíbrio de poder.
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