Remédios injetáveis contra o diabetes que passaram a ser largamente usados para perda de peso, como as drogas Ozempic, Saxenda e Victoza, podem gerar problemas digestivos graves em uma pequena parcela de seus usuários, de acordo com um estudo publicado por pesquisadores da Universidade da Columbia Britânica, no Canadá, na revista científica Journal of the American Medical Association, o Jama. Os efeitos colaterais que tiveram o risco aumentado foram paralisia estomacal, pancreatite e obstruções intestinais.
Esses eventos são raros – no caso do Ozempic, que é o mais popular desses remédios, só 1% dos pacientes sofreu paralisia estomacal. Mas, como essas drogas atualmente são consumidas por milhões de pessoas, as complicações não são apenas anedóticas, diz o estudo. “Risco de 1% se traduz em muitas pessoas que podem sofrer esses eventos”, afirmou à CNN o epidemiologista Mahyar Etminan, autor principal do estudo.
O objetivo principal do trabalho foi avaliar a incidência de efeitos adversos em quem toma essas drogas com o objetivo de emagrecer. Uma fração dos pacientes com diabetes que usa os remédios injetáveis sofre problemas gastrointestinais, mas, como o próprio diabetes pode ter influência nessas condições, não se sabia se tais efeitos se deviam aos medicamentos e se repetiam também nos pacientes obesos sem diabetes. A conclusão é que, mesmo para os não diabéticos, há um pequeno aumento de risco para desenvolver pancreatite, obstrução intestinal e paralisia estomacal, mas não para doenças biliares, como inflamação na vesícula.
O trabalho chegou a essas conclusões depois de analisar registros de um banco de dados de pacientes de planos de saúde dos Estados Unidos. Foram comparadas informações de 4.757 usuários de duas classes desses remédios injetáveis, a semaglutida e a liraglutida, com as de 654 usuários de uma outra categoria de remédio para emagrecer, a combinação da naltrexona com a bupropiona, que é vendida em comprimidos.
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