Mais de uma década foi necessária para que os bancos de recifes de corais do norte da Bahia superassem por completo os efeitos negativos ocasionados pelo maior El Niño dos últimos tempos, que ocorreu entre 1997 e 1998, e voltassem a apresentar a mesma biodiversidade de antes. “Não tínhamos ideia de que a recuperação demoraria 13 anos”, afirma o biólogo Francisco Kelmo, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), autor do estudo ao lado de Martin J. Attrill, da Universidade de Plymouth, Inglaterra (PLoS One, 31 de maio). Os pesquisadores acompanharam a situação de oito espécies de corais entre 1995 e 2011 presentes em bancos de recifes rasos de quatro localidades da região (Praia do Forte, Itacimirim, Guarajuba e Abaí). Causado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico Sul, o El Niño provoca mudanças no regime de chuvas e secas e também na temperatura atmosférica em várias partes do planeta. No Nordeste, costuma intensificar o período de estiagem e o calor. Mudanças climáticas favorecem a ocorrência do fenômeno chamado branqueamento, facilmente identificável por fazer os corais desbotarem, podendo causar sua morte. Durante o período de acompanhamento, todas as espécies de corais apresentaram altas taxas de mortalidade e uma delas, a Porites astreoides, permaneceu sem nenhum registro de ocorrência nos recifes durante mais de sete anos, entre 2000 e 2007.
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