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BOAS PRÁTICAS

Em baixa na mídia

Estudos publicados em formato de preprint perdem espaço na cobertura da imprensa depois da pandemia

Um levantamento realizado por pesquisadores das universidades Simon Fraser e de British Columbia, no Canadá, e de Delaware, nos Estados Unidos, apontou uma mudança no perfil da cobertura da mídia envolvendo estudos em formato de preprint, trabalhos cujos resultados são divulgados assim que ficam prontos, sem passar pela revisão por pares. Durante a pandemia, as menções a preprints em veículos jornalísticos tiveram um grande crescimento, impulsionados pela necessidade de acelerar a disseminação de dados para ajudar a combater o novo coronavírus. Após a emergência sanitária, contudo, as referências a preprints em reportagens tiveram uma redução brusca e caíram a um patamar 68% inferior ao que seria esperado se as tendências anteriores à Covid-19 fossem retomadas. Os resultados foram publicados na revista Science Communication.

Foram analisadas menções a preprints e a estudos de revistas revisadas por pares em 48 mil reportagens publicadas entre 2014 e 2023. A porcentagem da queda teve níveis variados entre os nove grandes repositórios de preprints analisados, com destaque para o bioRxiv e o medRxiv, da área de biologia e saúde, e o Social Science Research Network (SSRN), de ciências sociais. O único repositório que manteve a cobertura inalterada foi o arXiv, das áreas de física, matemática e ciência da computação, com menções no mesmo nível previsto pelas tendências pré-pandemia.

De acordo com o artigo, o declínio na cobertura de preprints poderia indicar que os jornalistas especializados em ciência e saúde passaram a se preocupar mais com os potenciais riscos de divulgar informações científicas ainda não verificadas e avaliadas por outros pesquisadores que podem estar incompletas e sujeitas a erros. Em trabalho anterior, de 2022, jornalistas entrevistados pelos autores afirmaram achar desafiador analisar estudos não revisados por pares. Para prevenir problemas, adotavam estratégias como obter opiniões de cientistas independentes e comparar os resultados com os de outros estudos. Os jornalistas informaram também que haviam limitado a cobertura de preprints a casos em que sentiam que os benefícios potenciais da divulgação dos dados superavam os riscos.

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