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COOPERATIVAS

Em tempos de auto-gestão

Base de dados dará suporte à administração

Dentro de no máximo um ano, a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp) receberá um amplo estudo sobre as cooperativas paulistas. Com esse instrumento, a entidade terá condições de monitorar a autogestão das cooperativas e elaborar propostas de políticas públicas de incentivo à atividade cooperativista; além disso, será possível avaliar o andamento de iniciativas como o Programa de Revitalização das Cooperativas de Produção Agropecuária (Recoop), criado pelo governo para reequacionar as dívidas das entidades, causadas seja por frustrações de safras e preços, seja por má gestão.

O projeto está sendo desenvolvido em parceria com a Faculdade de Economia e Administração da USP de Ribeirão Preto (FEA-RP), com apoio da FAPESP, e usa tecnologia de ponta para gerar uma sofisticada base de dados, capaz de mostrar o impacto socioeconômico dessas organizações e até fazer previsões de desempenho e risco.

O problema não é novo. Desde 1988, quando a Constituição estabeleceu a autogestão das cooperativas, elas deixaram de ter fiscalização externa (perdendo também uma importante fonte de financiamentos com a extinção do Banco Nacional de Crédito Cooperativo). De lá para cá, o número de cooperativas continuou a crescer ano a ano, principalmente no meio urbano, onde se tornaram uma importante alternativa à escassez de empregos. Mas a falta de capacitação de muitos de seus dirigentes, aliada à ausência de uma fiscalização efetiva, acabou produzindo estragos no setor.

Na opinião de Marco Aurélio Fuchida, superintendente da Ocesp, o projeto deverá ajudar a entidade a identificar casos de fraudes, em que o título de cooperativa funciona apenas como fachada para empresários inescrupulosos. “Queremos saber se a gestão é realmente democrática e se os associados estão mesmo sendo beneficiados”, explica. O estudo também vai contribuir para que o recém-criado Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), uma entidade ligada à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), elabore programas de capacitação para dirigentes, aumentando o nível de profissionalização.

A coordenação do projeto está a cargo de Sigismundo Bialoskorski Neto, professor de Economia Agrícola e Economia das Organizações na FEA-RP (que já trabalhou por 17 anos na Secretaria da Agricultura do Estado, onde dirigiu o Instituto de Cooperativismo), e conta com dois colaboradores: Marcelo Nagano, do Departamento de Contabilidade, e Fernando de Almeida, do Departamento de Administração da FEA-RP. Juntos, eles decidiram ousar, adotando a “tecnologia de ponta” de redes neurais, um programa normalmente só usado no setor financeiro “para medir desempenho e risco de bancos”, segundo Bialoskorski.

Com isso, vai ser possível não apenas obter informações sobre o desempenho financeiro das cooperativas, participação dos cooperados, transparência na gestão, impactos regionais, como geração de empregos e de riqueza, mas também prever o desempenho dos vários ramos da atividade.

Milhões de cooperados
Evolução das cooperativas ativas registradas na Ocesp e número de cooperados

1991 / 1992 / 1993 / 1994 / 1995 / 1996 / 1997 / 1998 / 1999 / 2000 / Nº cooperados Julho 2000

Educacional 0 / 3 / 3 / 6 / 7 / 13 / 19 / 20 / 22 / 28 / 7.879
Eletrificação 25 / 19 / 21 / 21 / 21 / 21 / 21 / 21 / 20 / 18 / 30.159
Habitacional 32 / 38 / 35 / 35 / 40 / 61 / 106 / 118 / 131 / 119 53.312
Agropecuária 159 / 155 / 153 / 152 / 141 / 137 / 138 / 130 / 144 / 135 / 116.305
Trabalho 31 / 37 / 42 / 46 / 65 / 86 / 127 / 170 / 291 / 296 / 142.907
Crédito 176 / 184 / 184 / 199 / 196 / 200 / 200 / 208 / 211 / 202 / 280.080
Saúde 82 / 86 / 96 / 98 / 112 / 128 / 146 / 158 / 176 / 186 / 285.904
Consumo 72 / 69 / 61 / 58 / 49 / 47 / 45 / 44 / 43 / 40 / 1.245.322
Total 577 / 591 / 595 / 615 / 631 / 693 / 802 / 869 / 1038 / 1024 / 2.161.868

Fonte: Ocesp

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