Um estudo recente indica que pode haver um pouco mais de neandertal no Homo sapiens moderno do que se pensava até agora. Um trabalho coordenado por pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, de Leipzig, na Alemanha, estima que a porcentagem de DNA desse hominídeo, extinto entre 30 mil e 40 mil anos atrás, presente nas populações humanas atuais de origem não africana varia entre 1,8% e 2,6% (Science, 5 de outubro). As populações da Austrália e Oceania, seguidas dos asiáticos e europeus, são as que mais apresentam material genético de origem neandertal (ver mapa). Dados anteriores sugeriam que a contribuição dos neandertais, espécie mais próxima do ponto de vista evolutivo do H. sapiens, no DNA humano flutuava entre 1,5% e 2,1%. Na Europa, as duas espécies podem ter coexistido por alguns milhares de anos e houve cruzamentos sexuais entre elas. A nova comparação tomou como base um sequenciamento de alta qualidade do genoma completo de uma fêmea neandertal que viveu há cerca de 55 mil anos. Um fragmento de osso da mulher neandertal foi encontrado na caverna Vindija, na Croácia, a partir do qual foi possível extrair uma amostra de DNA. Também foram levados em conta nas análises outros DNAs sequenciados de neandertais, de hominídeos de Denisova (outra espécie extinta) e dos humanos modernos de diferentes partes do globo. Segundo o estudo, há indícios no DNA dos neandertais de que eles receberam material genético dos humanos entre 130 mil e 145 mil anos atrás. Outro achado do trabalho foi ter encontrado nas populações atuais de seres humanos variações de genes de origem neandertal que estão ligadas a aspectos da saúde: níveis de colesterol e de vitamina D no plasma, distúrbios alimentares, acúmulo de gordura visceral, artrite reumatoide, resposta a drogas psicotrópicas e até esquizofrenia.
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