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Tecnociência

Esterilização em São Paulo

A esterilização feminina está estacionada em São Paulo e em alta nos demais estados. Especialmente entre 1986 e 1996, houve estabilização nos índices no Estado paulista e crescimento das mesmas taxas no resto do país, de acordo com estudo de Elisabeth Meloni Vieira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP-USP), publicado na Revista de Saúde Pública (junho, vol. 36, nº 3).

A situação é melhor em São Paulo provavelmente em razão do maior uso dos diversos métodos contraceptivos. Nos outros estados, as mulheres optam pela esterilização depois que já tiveram filhos, normalmente ainda muito jovens. A pesquisadora analisou dados coletados pela Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNAD), de 1996, e comparou com os de 1986. Nesse período, o Sistema Único de Saúde (SUS) não pagava a cirurgia de esterilização para as mulheres que desejavam se tornar estéreis.

A lei nº 9263 garante o acesso ao planejamento familiar, mas só foi criada em 1997, embora a Constituição Federal de 1988 já a previsse no artigo 226. Em pesquisa feita na periferia de São Paulo, em 1992, por Elisabeth, 80% das entrevistadas disseram ter pagado para fazer a esterilização. Trabalho semelhante também foi realizado por ela em Ribeirão Preto com 280 mulheres, esterilizadas em 1998, e indicou que 60% delas ainda pagaram pela cirurgia, já que a lei ainda não estava implementada na cidade, o que só ocorreu a partir de 1999. “Os resultados do estudo indicam que ainda é preciso um intenso trabalho de conscientização sobre planejamento familiar, especialmente nas camadas mais pobres da população”, diz a pesquisadora.

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