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Boas práticas

Estudo sugere que chances de publicação aumentam para quem aceita incorporar referências supérfluas em seus artigos

Segundo estudo publicado na revista Research Policy, autores de artigos científicos que aceitam incorporar em seus manuscritos referências supérfluas, a pedido dos editores e revisores, têm mais chance de ter o trabalho aceito para publicação do que aqueles que rejeitam as sugestões para acrescentar esse tipo de referência. Pesquisadores da Universidade do Alabama em Huntsville, nos Estados Unidos, entrevistaram em 2012 um conjunto de 1.169 autores de áreas como administração, economia, ciências sociais e psicologia, que afirmaram ter sido solicitados a adicionar citações supérfluas – desse universo, 1.043 aceitaram incorporar ao menos uma referência, embora considerassem que ela não era importante para o artigo. A análise dos relatos dos entrevistados mostrou que quem concordou em cumprir integralmente as sugestões teve uma taxa média de aceitação de 85%, ante 77% dos que aceitaram parcialmente e 39% dos que se recusaram.

O economista Eric Fong, pesquisador da Escola de Negócios da Universidade do Alabama e autor principal do levantamento, disse à revista Nature que essa prática pode ser abusiva e configurar má conduta quando o objetivo de editores e revisores não é melhorar a qualidade dos artigos, mas inflar artificialmente os índices de citações de indivíduos e periódicos. Em um estudo anterior do mesmo grupo, observou-se que um em cada cinco autores das áreas de negócios, ciências sociais e psicologia disse ter sido alvo de solicitações indevidas para incorporar citações.

Hodgkinson, do Escritório de Integridade de Pesquisa do Reino Unido em Londres e membro do conselho do Committee on Publication Ethics (Cope), fórum de editores dedicado a boas práticas de publicação, diz que o problema das referências imerecidas poderia ser atenuado, por exemplo, com a exclusão de métricas de desempenho de periódicos das citações feitas à própria publicação. “Se quisermos reduzir práticas que geram distorções, temos que parar de incentivá-las”, disse à Nature.

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