A Organização Mundial da Saúde (OMS) mantém um banco de dados com cerca de 320 mil trabalhos científicos já publicados sobre Covid-19. A grande maioria deles está indexada em bases como a Scopus e a Web of Science e teve sua qualidade aferida em um processo de avaliação por pares. Mas a economista Anna Abalkina, da Universidade Livre de Berlim, descobriu que o repositório também guarda papers abrigados em periódicos com práticas fraudulentas. Ela consultou a coleção e encontrou 383 artigos divulgados em revistas “sequestradas”, títulos apropriados por impostores e explorados em falsos sites na internet, que oferecem a chance de publicação de manuscritos sem a necessidade de uma avaliação criteriosa (ver Pesquisa FAPESP nº 305). O conteúdo fraudulento está concentrado em três periódicos: Linguistica Antverpiensia, Turkish Journal of Computer and Mathematics Education e Annals of the Romanian Society for Cell Biology.
“Artigos publicados em periódicos sequestrados poluem a comunicação acadêmica e fornecem material não revisado por pares e geralmente de baixa qualidade, frequentemente contendo plágio ou outros tipos de má conduta acadêmica”, explicou Abalkina em um texto publicado no site Retraction Watch. “A presença de artigos de periódicos sequestrados no banco de dados da OMS confere falsa legitimidade a eles.” A economista encaminhou a relação de artigos para a biblioteca da OMS, que está reavaliando o conteúdo de seu repositório.
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