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Relatório FAPESP

FAPESP destina quase R$ 1 bilhão para pesquisa em 2011

No acumulado dos últimos 10 anos, o crescimento do fomento supera 90%

Da Agência FAPESPA FAPESP destinou R$ 938,73 milhões ao fomento à pesquisa científica e tecnológica produzida no Estado de São Paulo em 2011. O valor é 20% maior que o desembolsado em 2010. No acumulado dos últimos 10 anos, o crescimento do fomento supera 90%.

Esse quase R$ 1 bilhão foi direcionado a 11.188 bolsas e 9.386 auxílios à pesquisa vigentes no ano. Isso inclui parte dos novos projetos contratados em 2011 (12.451) que recebeu parcela do desembolso já no período e aqueles contratados em anos anteriores ainda em andamento. O número de novos projetos contratados no ano foi quase 8% a mais que no ano anterior.

Os números estão no Relatório de Atividades 2011 da FAPESP, que terá lançamento no dia 31 de outubro de 2012 na sede da Fundação, juntamente com a abertura da exposição de reproduções de obras de arte do artista plástico Arcangelo Ianelli, que ilustram a publicação.

Dentre as três Linhas de Fomento da FAPESP, os Programas Regulares receberam o maior volume dos recursos – R$ 640,26 milhões (68%). Essa é uma linha permanente de fomento que atende a demanda espontânea dos pesquisadores. Engloba Bolsas e Auxílios Regulares e se destina à formação de recursos humanos para pesquisa.

A modalidade de bolsa com maior número de contratações (2.725) foi Iniciação Científica. Também cresceu 27,6% o número de bolsas no exterior, totalizando 208, incluindo a nova modalidade Bolsa de Estágio de Pesquisa no Exterior (Bepe). Dentre os novos auxílios e as novas bolsas, 1.211 projetos se caracterizam como intercâmbio científico de pesquisadores, especialmente em instituições norte-americanas.

“Está cada vez mais claro para a comunidade científica mundial que no século 21 é impossível fazer avançar o conhecimento em qualquer sociedade sem um crescente intercâmbio internacional de estudos e pesquisadores. Por isso, desde meados da década passada, uma das prioridades da FAPESP tem sido aumentar esse diálogo”, diz Celso Lafer, presidente da FAPESP.

O volume de recursos para os Programas Especiais cresceu 113,4% em relação a 2010, totalizando R$ 208,85 milhões. O aumento do desembolso a essa linha de fomento – que tem foco em projetos que supram carências no sistema estadual de ciência e tecnologia e promovam a melhoria da infraestrutura de pesquisa do estado – resulta especialmente do desembolso, de R$ 92 milhões, feito a uma de suas modalidades: o programa Equipamentos Multiusuários (EMU), que recebe projetos por meio de editais periódicos.

O EMU financia a aquisição de equipamentos para uso compartilhado da comunidade científica de São Paulo, do Brasil e da América do Sul. Um exemplo é o Alpha Crucis, considerado o maior navio oceanográfico para pesquisa acadêmica do país, especialmente importante para estudos sobre biodiversidade, mudanças climáticas e exploração do pré-sal.

Os projetos de pesquisa desenvolvidos nos Programas de Pesquisa para Inovação Tecnológica receberam R$ 86,6 milhões. Desses projetos, a FAPESP espera resultados com claro potencial de inovação tecnológica ou de aplicação na formulação de políticas públicas.

O maior desembolso dentro dessa linha foi com o programa Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) – R$ 28,96 milhões, seguido do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, que recebeu R$ 21,67 milhões.

No exercício, a FAPESP contratou 44 novos projetos de pesquisa no âmbito do Programa BIOTA-FAPESP, mais que o dobro de 2010, e o desembolso, de R$ 9,96 milhões, foi 49,77% superior.

Nessa mesma linha de fomento, sob a rubrica Pesquisa Inovativa em Micro e Pequenas Empresas, estão reunidos os programas voltados para essa finalidade de fomento. Um deles é o Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), que em 2011 contratou 71 novos projetos e desembolsou R$ 11,21 milhões.

Objetivo do fomento
Considerando os objetivos da FAPESP em suas formas de apoio, os recursos para Pesquisa Acadêmica Fundamental e Aplicada foram ampliados em 30% em relação a 2010, chegando a R$ 572,62 milhões. O desembolso com Formação de Recursos Humanos, que equivale a 32% do total (R$ 300,39 milhões), cresceu 8%. Ao apoio à Pesquisa Voltada a Aplicações foram destinados 7% dos recursos (R$ 65,71 milhões), 5% a mais que em 2010.

“Os mesmos números, todavia, podem ser organizados por outro critério, pelo qual se toma como certo que determinadas áreas temáticas – saúde, engenharia, agronomia, veterinária –, além dos tradicionais programas como PITE e PIPE, acarretam quase inevitavelmente aplicações”, esclarece Celso Lafer.

“Uma classificação dessa natureza, que, como toda classificação, tem o intuito de organizar a compreensão sobre certo assunto, fornece uma visão mais apropriada da aplicação dos recursos da FAPESP e leva aos seguintes resultados: 1) apoio ao avanço do conhecimento: 32%; 2) apoio à pesquisa com vistas à aplicação: 49%; 3) apoio à infraestrutura de pesquisa: 19%”, disse.

Critérios de seleção de propostas de pesquisa
O número de solicitações de bolsas recebidas pela FAPESP aumentou 10%, passando de 10.418 em 2010 para 11.418 em 2011. O critério de seleção da FAPESP é o mérito científico, avaliado por pares. No ano, a Fundação contou com apoio de 8.978 assessores, 9% a mais que em 2010, cuja produtividade atingiu a emissão de 23.226 pareceres. Esse desempenho representa um salto de mais de 349% com relação a 1993, quando foram emitidos 5.171 pareceres.

A maioria (8.163 ou 90%) dos assessores emitiu de um a quatro pareceres, enquanto 722 analisaram cinco ou mais projetos cada. Outros 88 emitiram, cada um, parecer sobre 10 ou mais projetos de pesquisa, enquanto cinco analisaram 15 ou mais propostas. Para exemplificar o crescimento da produtividade dos assessores convém mencionar que em 1992 apenas 102 especialistas analisavam de cinco a 15 propostas e 2.028 emitiam um único parecer.

Celso Lafer ressalta que com o crescimento do número de solicitações e de projetos apoiados tornou-se ainda mais necessário explicitar o critério de idoneidade e de qualidade dos projetos que norteia a atuação da FAPESP desde sua fundação, há 50 anos. “Por isso nos orgulhamos de a FAPESP ter sido pioneira entre as financiadoras de pesquisa do país a adotar código de boas práticas científicas”, disse.

Lançado em 2011, o código estabelece diretrizes éticas para as atividades científicas dos pesquisadores beneficiários de auxílios e bolsas da FAPESP e para o exercício da função de avaliador científico, aplicáveis também às instituições-sede das pesquisas e aos periódicos que contam com apoio da Fundação para publicação.

Áreas e instituições que receberam maior desembolso
Saúde foi a área do conhecimento que recebeu maior volume dos recursos: R$ 254,94 milhões (27,16%); seguida de Biologia, R$ 162,06 milhões (17,26%); Engenharia, R$ 101,35 milhões (10,80%); Ciências humanas e sociais, R$ 92,96 milhões (9,90%); e Agronomia e veterinária, R$ 85,14 milhões (9,07%).

Pesquisadores da USP receberam o maior volume de recursos, R$ 452,75 milhões (48,23%), seguidos de projetos de pesquisadores da Unicamp, R$ 131,13 milhões (13,97%), e da Unesp, R$ 129,19 milhões (13,76%). As instituições federais de ensino superior e pesquisa no Estado de São Paulo receberam R$ 116,25 milhões (12,38%), com destaque para a Unifesp, que recebeu R$ 48,34 milhões, e a UFSCar, com R$ 30,35 milhões.

Cooperação em pesquisa
A FAPESP tem intensificado acordos internacionais com empresas, agências de fomento e universidades, como parte de sua estratégia de aumentar a qualidade, o impacto e a visibilidade da ciência feita em São Paulo.

Em 2011, foram assinados 11 novos convênios com universidades dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Espanha e Israel, e quatro novos acordos com agências de financiamento internacionais. Ao fim de 2011, a FAPESP mantinha 16 acordos com agências de financiamento internacionais, sendo duas da Alemanha, duas do Canadá, três dos Estados Unidos, três da França, duas do Reino Unido, uma da Dinamarca, uma da Argentina e uma do México.

A Fundação assinou acordo com a Agilent Technologies e negociou termos de acordos com Embraer, Boeing e Glaxo SmithKline (GSK), assinados em 2012.

No âmbito dos acordos internacionais foram realizadas 18 chamadas de propostas, que selecionaram 58 propostas de pesquisa colaborativa e intercâmbio. No âmbito dos acordos nacionais, foram realizadas, em 2011, sete chamadas de propostas que selecionaram 62 propostas. O convênio com a ETH Bioenergia integrou a relação de outras 15 parcerias com empresas brasileiras.

Lançamento oficial
O lançamento oficial do Relatório de Atividades 2011 da FAPESP será no dia 31 de outubro, às 15h30, na sede da FAPESP, juntamente com a inauguração da exposição Ianelli, composta de 28 reproduções de obras de arte que ilustram o relatório. Essa é uma homenagem que há seis anos a Fundação presta a renomados artistas plásticos paulistas. A exposição prosseguirá aberta ao público interessado até o dia 19 de dezembro de 2012.

A obra de Arcangelo Ianelli é marcada pela paixão pela cor e a geometria. Segundo o crítico de arte Fábio Magalhães, a luz foi também sua obsessão: “A luz é um dos elementos mais expressivos nas suas composições geométricas, dá ritmo à pintura e estrutura a composição”.

Ianelli participou ativamente do movimento artístico brasileiro como expositor, curador de mostras no país e no exterior, fez parte de conselhos de arte de museus e da Comissão Nacional de Artes Plásticas. Possui obras no acervo de vários museus internacionais e recebeu diversos prêmios nacionais e internacionais.

O Relatório de Atividades 2011 da FAPESP está disponível em: www.fapesp.br/publicacoes/relat2011_completo.pdf.

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