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COOPERAÇÃO

FAPESP integra esforço internacional para acolher pesquisadores em risco

As propostas de trabalho em instituições paulistas podem ser enviadas até 30 de agosto e serão analisadas à medida que chegarem

A Universidade Nacional em Kiev, na Ucrânia, vista do Parque Shevchenko, antes da invasão das tropas russas

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A FAPESP lançou no dia 28 de abril uma chamada de projetos de pesquisa para permitir que instituições de pesquisa do estado de São Paulo recebam pesquisadores de países expostos a riscos, como a Ucrânia, em guerra contra a Rússia. A iniciativa integra-se às de universidades e instituições internacionais que se uniram para acolher cientistas estrangeiros. Além dos ucranianos, outros pesquisadores de países em conflito podem se inscrever, como os da Síria e do Afeganistão.

“Começamos a imaginar o que poderíamos fazer poucos dias depois de começar a guerra na Ucrânia”, conta o neurocientista Luiz Eugênio Mello, diretor científico da FAPESP. Em 7 de março, enquanto corriam os ajustes internos da proposta, da qual participaram cerca de 20 representantes de universidades paulistas, chegou uma consulta do sociólogo Oswaldo Truzzi, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), propondo apoio aos cientistas da Ucrânia. “Nosso plano convergiu para uma consulta externa”, observa Mello. O plano foi aprovado em seguida pelo Conselho Técnico-Administrativo (CTA) da FAPESP.

As propostas para apoio nas modalidades Auxílio Pesquisador Visitante (com duração de 12 meses, com possibilidade de prorrogação) ou Bolsa de Pós-doutorado (24 meses) podem ser enviadas até o dia 30 de agosto de 2022 e serão analisadas à medida que chegarem, até atingir o limite de R$ 20 milhões destinados a este edital.

“Desde o início queríamos uma ação que não alterasse as normas já implantadas, para simplificar o processo de aprovação, que pudesse ser lançada o mais rápido e tivesse impacto, como foi feito, ainda na gestão anterior, quando eclodiu a pandemia da Covid-19”, comenta Mello.

O modelo de edital de suplementação rápida foi adotado no começo de 2020 para selecionar projetos de pesquisa que pudessem contribuir para o enfrentamento da pandemia no Brasil. “Entre a chegada do primeiro projeto e o primeiro projeto aprovado, foram quatro dias”, relembra o diretor científico.

Segundo Mello, um grupo de trabalho que reúne sete instituições paulistas, sob a coordenação da socióloga russa da UFSCar Svetlana Ruseishvili, recebeu até agora cerca de 10 currículos de pesquisadores da Rússia, Belorússia e Ucrânia e procura grupos de pesquisa interessados em recebê-los.

A previsão é de atender cerca de 60 pesquisadores por meio deste edital. Uma iniciativa similar, no início da década de 1990, acolheu 41 pesquisadores, que vieram para instituições paulistas após o desmonte da União Soviética.

O site ScienceforUkraine apresenta os países dispostos a receber cientistas e estudantes ucranianos. A maioria das instituições (1.229) é da própria Europa. No Brasil, de acordo com esse levantamento, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Federal de Viçosa (UFV), a Universidade do Oeste do Paraná (Ufopa) e a Fundação Araucária se mostraram interessadas em acolher pesquisadores da Ucrânia, que, com a guerra, perderam as condições de trabalho.

Em uma entrevista ao site ChemistryWorld, Yevheniia Polishchuk, vice-chefe do Conselho de Jovens Cientistas do Ministério da Educação e Ciência da Ucrânia e coordenadora do ScienceForUkraine, estimou que cerca de 6.300 cientistas devem deixar o país, dos quais 20% com planos de não retornarem.

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