Paleontólogos das principais potências científicas estariam se aproveitando dos conflitos em Mianmar, na Ásia, para ter acesso a fósseis raros preservados em âmbar e descrevê-los em artigos científicos. O país guarda uma das mais importantes reservas de fósseis do Cretáceo Superior e desde 2015 proíbe a retirada desse material de seu território. A maioria dos fósseis, porém, está aprisionada em âmbar (resina de árvore petrificada), que é considerado uma pedra preciosa e pode ser exportado legalmente. A paleobióloga Emma Dunne, da Universidade de Erlangen-Nuremberg, na Alemanha, e colaboradores analisaram o ritmo da publicação de artigos sobre fósseis em âmbar de Mianmar entre 1995 e 2021. Houve um crescimento lento até 2014, com publicações assinadas sobretudo por cientistas dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha e Brasil. Depois, o ritmo acelerou muito. O ponto de inflexão coincide com disputas armadas entre o governo e separatistas no norte do país, onde estão as minas de âmbar, e com o esgotamento de reservas de âmbar na vizinha China (Communications Biology, 29 de setembro).
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Fósseis de Mianmar em mãos estrangeiras

Âmbar de Mianmar contendo fóssil de libélula do período Cretáceo
Schädel, M. e Bechly, G. Zootaxa