O governo chinês divulgou novos planos para melhorar a qualidade das revistas científicas do país. A ideia é concentrar esforços e investimentos na criação de 50 novos periódicos e também permitir que boas revistas do exterior publicadas em inglês possam transferir sua sede para a China. O anúncio foi feito em uma entrevista coletiva organizada pela Associação Chinesa de Ciência e Tecnologia (Cast), organização afiliada ao governo, de acordo com o site do jornal South China Morning Post. Segundo o engenheiro Zhang Yuzhuo, vice-presidente da Cast, uma estratégia adicional será o desenvolvimento de plataformas digitais de serviços de publicação com padrão semelhante ao das editoras europeias e norte-americanas. Dessa forma, os responsáveis pelas revistas poderão concentrar sua atenção na qualidade do conteúdo e na busca por competitividade.
Um dos objetivos da iniciativa é estimular pesquisadores a publicar em títulos de boa reputação fora do circuito das grandes editoras internacionais, mas ela também tem relação com uma política lançada há quatro anos para combater casos de má conduta em artigos de cientistas chineses. Em maio de 2018, o Comitê Central do Partido Comunista da China e o Conselho de Estado emitiram diretrizes sobre promoção da integridade científica em resposta ao aumento dos casos de plágio, falsificação e fraudes. Desde então os periódicos do país passaram a investir no aperfeiçoamento de seu conteúdo e de suas práticas – dados apresentados por Yuzhuo informam que o número de revistas da China indexadas em bases de dados internacionais aumentou de 152 para 257, enquanto a taxa de citações dos artigos dessas publicações quase triplicou no período, indo de 1,13 para 4,42. Hoje, a China dispõe de 25 periódicos que estão classificados no rol dos 5% mais influentes do mundo, de acordo com o vice-presidente da Cast.
O esforço envolveu ações na prevenção de má conduta. Em um texto publicado em janeiro, a revista World Journal of Pediatrics, publicada pelo Instituto de Pediatria da Universidade Zhejiang em parceria com a editora Springer Nature, enumerou os cuidados tomados por seu corpo editorial desde 2018 para cumprir as diretrizes do governo. Entre eles, destacam-se a exigência de uma descrição precisa da contribuição de cada autor na elaboração de um artigo e a adoção de uma triagem rigorosa de manuscritos, em busca de indícios de plágio, desrespeito a normas éticas e duplicação de conteúdo, antes de enviar o trabalho para avaliação de revisores.
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