Imprimir Republicar

BOAS PRÁTICAS

Guias de universidades australianas endossam algumas práticas responsáveis de pesquisa com mais intensidade do que outras

Manuais de integridade científica de 25 universidades da Austrália endossam com intensidade alguns procedimentos, como exigir aprovação ética para experimentos envolvendo animais e humanos ou obrigar pesquisadores a declarar eventuais conflitos de interesse, mas não valorizam tanto outras práticas, como disponibilizar registros de protocolos de ensaios ou compartilhar códigos de computador usados para analisar dados de pesquisa. A conclusão é de um levantamento publicado em junho na revista Research Integrity and Peer Review por médicos e especialistas em ética das universidades de Sydney, na Austrália, e do Colorado, nos Estados Unidos.

O grupo analisou manuais disponibilizados nos sites das instituições, todas elas com forte atividade em pesquisa médica, e examinou 19 parâmetros, como a definição dos conceitos de integridade e de má conduta, a necessidade de submeter experimentos a comitês de ética, o aval a práticas responsáveis e o combate a ações questionáveis. A maioria dos manuais recomendava algum tipo de treinamento em integridade para seus pesquisadores e desaprovava explicitamente certos procedimentos que levavam a resultados enviesados, como a exclusão de dados que não corroboravam conclusões de uma pesquisa. Mas poucos censuravam vícios como a modificação de hipótese de trabalho após obtenção dos resultados. E nenhum condenava a manipulação de análises estatísticas para realçar resultados frágeis.

O estudo levanta três possíveis explicações para o tratamento desigual. A primeira é de que o combate a fraudes e falsificações vem canalizando os esforços das instituições pelo impacto que geram na confiança da ciência, deixando em segundo plano condutas questionáveis consideradas menos graves. A segunda é de que algumas universidades podem ainda julgar que a preocupação com a integridade científica é de responsabilidade mais de indivíduos do que de instituições. E a terceira é de que podem ainda não ter entendido de forma adequada “o valor e a necessidade de práticas de pesquisa responsáveis, especialmente em um contexto em que há pressão para publicar”, segundo escreveram os autores do levantamento.

Republicar