O atrazina, herbicida banido de vários países da Europa, mas de uso corrente nos Estados Unidos, é capaz de mudar o sexo das rãs, tornando hermafroditas os machos de diversas espécies, de acordo com um estudo publicado na Science de 19 de abril. Há mais de dez anos, pesquisadores observam o declínio alarmante da população de anfíbios e mesmo a extinção repentina de algumas espécies. Sugeriram que o fenômeno poderia ter como causas desde o ataque de fungos patógenos fúngicos até o aumento da incidência dos raios ultravioleta, as mudanças climáticas e os resíduos de pesticidas.
Toxicologistas se concentraram, então, no herbicida atrazina, do qual 27 milhões de quilos são aplicados anualmente em plantações de milho e outras culturas. Levado pelas águas da chuva, o defensivo químico atinge as águas de superfície e subterrâneas. Descobriu-se que o sistema hormonal dos anfíbios pode ser alterado mesmo com baixa concentração dos componentes do pesticida. Em laboratório, os pesquisadores observaram que os machos desenvolvem uma extragônada e se tornam hermafroditas numa concentração 30 vezes menor que a água, considerada segura de acordo com os padrões dos órgãos ambientalistas.
Outro estudo, relatado na New Scientist de 4 de maio, indicou que pesticidas como DDT e dieldrin, também em pequenas quantidades, reduzem bastante a produção de anticorpos em sapos – um efeito equivalente ao da ciclofosfamina, poderoso imunossupressor. Essa fragilidade dos anfíbios pode estar associada à vulnerabilidade a infecções, a mutações e ao desaparecimento de espécies.
Republicar