“Ficarei desapontado se em cinco anos não surgirem novas formas de tratamento contra a Aids”, comentou Robert Gallo, diretor do Instituto de Virologia Humana da Universidade de Maryland, Estados Unidos. Co-descobridor do vírus HIV, no mês passado ele participou em São Paulo do Fórum Aids: as novas descobertas e o modelo brasileiro de assistência. Uma das novas possibilidades são as quimiocinas, peptídeos – fragmentos de proteínas – produzidos naturalmente em resposta a processos inflamatórios. São também liberadas por um dos tipos de células do sangue, os linfócitos, ativados mas não infectados pelo HIV. As três quimiocinas já identificadas bloqueiam a entrada do vírus ao se ligarem ao receptor CCR5, uma molécula da superfície dos linfócitos. Segundo Gallo, podem surgir fármacos não das próprias quimiocinas, mas a partir da habilidade, já testada por indústrias farmacêuticas, de bloquear esse receptor. A CCR5 parece ter pouca importância para os seres humanos, mas é essencial para o HIV, que se liga nesse receptor antes de despejar seu material genético nas células do sangue. Outros medicamentos podem emergir a partir de uma molécula que inibe a transformação de um dos tipos do vírus, o HIV-1, em partículas infecciosas. Essa molécula, descrita este mês em dois artigos científicos publicados na revista Nature Structural & Molecular Biology, sugere que as formas imaturas do vírus podem ser vistas como outro alvo a ser combatido.
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