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Impacto crescente

Relatório de atividades 2013 da FAPESP destaca investimento recorde e programas para a inovação e a fronteira do conhecimento

Reproduções das obras que ilustram o relatório são expostas na sede da FAPESP

sem título, 1998, aquarela Reproduções das obras que ilustram o relatório são expostas na sede da FAPESPsem título, 1998, aquarela 

A FAPESP aumentou em 6,5% o volume de recursos financeiros destinados a pesquisas científicas e tecnológicas no estado de São Paulo em 2013. O desembolso com bolsas e auxílios ou apoio à pesquisa foi de R$ 1,1 bilhão, recorde em 51 anos de história da Fundação, como mostra o Relatório de atividades 2013, lançado na sede da Fundação no dia 27 de agosto com uma exposição de obras da artista plástica Renina Katz, que ilustram a publicação. Entre 2008 e 2013, o desembolso da FAPESP cresceu quase 73%. “O investimento feito pela FAPESP contribui com a eficiência da pesquisa realizada em São Paulo sobre temas de forte impacto intelectual, social e econômico, três vertentes essenciais para o progresso do estado, que é responsável por 50% do conhecimento criado no Brasil”, diz o presidente da Fundação, Celso Lafer.

Um dos destaques de 2013 relaciona-se ao investimento no campo da inovação. Os 167 novos projetos contratados no Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) — em que empréstimos são concedidos a projetos em pequenas empresas, muitas delas startups originadas em universidades e institutos de pesquisa paulistas — representam crescimento de 108% em relação a 2012. Somados esses resultados aos do Pappe/Pipe — programa federal de apoio a pesquisas em empresas que, em São Paulo, destina recursos para a fase 3 do programa Pipe, aquela de investimento na aplicação dos resultados —, conclui-se que a cada semana do ano três pequenas empresas paulistas receberam auxílio da FAPESP para desenvolver pesquisas que levarão ao lançamento de produtos ou processos em benefício da economia e da sociedade.

A artista plástica Renina Katz

juan estevesA artista plástica Renina Katzjuan esteves

Outra iniciativa da FAPESP que teve avanço  significativo em 2013 foram os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid). O programa foi iniciado em 2000 com suporte a 11 centros de pesquisa de excelência em diversas áreas, no período de 2001 a 2012. Todos atingiram os objetivos propostos. Em 2011, foi anunciada uma segunda chamada de propostas, que recebeu 90 projetos, analisados por 150 revisores do Brasil e do exterior. Em 2013, 17 propostas foram selecionadas. Os novos Cepids reúnem 499 cientistas do estado de São Paulo e 68 de outros países. Ao longo de 11 anos, receberam cerca de R$ 1,4 bilhão. O objetivo dos centros, que se dedicam a temas tão diversos como neuromatemática, doenças inflamatórias, violência e alimentação, é produzir pesquisa de classe internacional e caráter multidisciplinar, trabalhando na fronteira do conhecimento. Os centros também têm como missão produzir inovação e transferir conhecimento para o setor produtivo ou dar lastro à criação de políticas públicas.

Um exemplo de ênfase da FAPESP na inovação e na integração com o setor produtivo foi o lançamento dos Centros de Pesquisa em Engenharia em áreas estratégicas para o desenvolvimento tecnológico do estado de São Paulo. Com financiamento de longo prazo e abordagem de temas de fronteira nos mesmos moldes dos Cepids, são patrocinados pela Fundação e empresas privadas. Quatro companhias – a montadora Peugeot Citroën Brasil, a indústria brasileira de cosméticos Natura, a empresa de petróleo e gás BG Brasil e a multinacional farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK) – celebraram acordos de cooperação com a FAPESP seguidos da abertura de chamadas de projetos para a criação dos centros, que reúnem pesquisadores de instituições científicas e das empresas. FAPESP e empresas parceiras vão compartilhar investimentos de R$ 114 milhões, por período entre cinco e 10 anos. Segundo o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz, “estes Cepids cofinanciados desde o primeiro dia por empresas são algo que se vê em poucos países e contribuirão para aumentar mais ainda o impacto da pesquisa em São Paulo”.

O relatório mostra que em 2013 a FAPESP recebeu um total de 13.272 solicitações de bolsas, 10,58% mais que em 2012, além de 6.798 de auxílios regulares, auxílios em programas especiais e em programas de pesquisa para inovação tecnológica. O total foi de 20.070 pedidos. Quando são analisados os objetivos do fomento, 39% dos desembolsos apoiaram o avanço de conhecimento (R$ 428,40 milhões, 12% a mais do que em 2012). Significa que foram investidos em programas que formam recursos humanos e estimulam a pesquisa acadêmica, por meio de bolsas e auxílios (ver quadro). O apoio à pesquisa com vistas a aplicações foi responsável por 52% do desembolso (R$ 577,61 milhões, 6% acima de 2012). Essa vertente inclui o investimento em pesquisas nas áreas de agronomia e veterinária, engenharia e saúde, que quase sempre resultam em aplicação, além de programas que estimulam a inovação nas universidades e empresas e de alguns programas especiais da Fundação. Por fim, 9% foram investidos no apoio à infraestrutura, o que inclui recuperar, modernizar e adquirir equipamentos para laboratórios, ampliar o acervo de bibliotecas de instituições de ensino e pesquisa e garantir a pesquisadores acesso rápido à internet.

As áreas que receberam maior volume de recursos foram saúde (30,77%); biologia (16,07%); ciências humanas e sociais (10,2%); engenharia (9,69%); e agronomia e veterinária (9,34%). Quando se analisa o vínculo institucional do pesquisador, receberam mais recursos os projetos coordenados por pesquisadores das universidades de São Paulo (USP), com R$ 516,96 milhões; Estadual Paulista (Unesp), com R$ 161,83 milhões; e da Estadual de Campinas (Unicamp), com R$ 152,32 milhões. As instituições federais no estado receberam R$ 141,14 milhões, com destaque para a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), com R$ 58,73 milhões, a Federal de São Carlos (UFSCar), com R$ 35,63 milhões, e institutos ligados ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, com R$ 27,10 milhões.

O esforço permanente feito pela FAPESP para estimular colaborações internacionais rendeu novos frutos. Em 2013, foram realizados os encontros científicos FAPESP Week no Japão, Reino Unido e Estados Unidos, aproximando cerca de 600 pesquisadores brasileiros e estrangeiros com áreas de interesse comum. Em março, em Tóquio, o simpósio foi organizado com a Sociedade Japonesa para a Promoção da Ciência (JSPS). Em setembro, em Londres, o evento foi feito em conjunto com a Royal Society e teve apoio também do British Council. Nos Estados Unidos, em novembro, três cidades da Carolina do Norte sediaram os encontros realizados em parceria com a University of North Carolina at Chapel Hill, a UNC Charlotte, a North Carolina State University e o Brazil Institute do Woodrow Wilson International Center for Scholars.

A Fundação encerrou o ano com 123 acordos de cooperação vigentes (36 nacionais e 87 internacionais), além de cinco memorandos de entendimento, cartas e protocolos de intenção, com universidades e instituições de pesquisa, para estímulo ao intercâmbio acadêmico, e com empresas e agências de fomento, estes para cofinanciamento de projetos de alto impacto. Do total, 22 foram assinados em 2013, sendo 19 com instituições de 11 países, entre eles quatro com os quais a FAPESP ainda não tinha parcerias formalizadas (Japão, África do Sul, Austrália e Chile).

Oitenta por cento dos 55 editais publicados em 2013 ofereceram apoio para pesquisa em colaborações internacionais e intercâmbio científico, 55% a mais que em 2012. O aumento de interesse pelo intercâmbio científico foi sensível. A FAPESP apoiou 2.307 projetos dessa natureza, 15% a mais que em 2012. Outro resultado dessa exposição internacional é que as bolsas da FAPESP de pós-doutorado no país têm atraído para São Paulo mais pesquisadores do exterior. Em 2013, pesquisadores de outros países responderam por 20% das concessões (eram 190 entre as 960 bolsas concedidas), percentual que foi de 7% em 2008. O destaque na atração de jovens estrangeiros é para as ciências exatas e da terra, ciências biológicas e engenharias. No sentido inverso, as bolsas no exterior cresceram de 174 em 2008 para 1.118 em 2013, graças ao programa Bolsa Estágio Pesquisa no Exterior (Bepe).

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