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carta da editora | 318

Independência, 200 anos depois

Habitualmente na página 7, o editorial foi deslocado nesta edição para a 71, o que demandou nova abordagem. Se o objetivo principal é apresentar a revista do mês, o que falar quando leitores lineares já percorreram dois terços de suas páginas?

Nas reuniões de pauta da revista, a equipe discute propostas para a edição seguinte e para a publicação a médio prazo. Quando identificamos a importante efeméride de 2022, que demandava uma cobertura especial, a primeira questão colocada foi: o que há de novo e instigante em pesquisas sobre a Independência do Brasil? Passados 200 anos ainda há documentos sendo descobertos, dados reanalisados e novas perspectivas sendo elaboradas, propondo um olhar abrangente a um momento histórico complexo e essencial para entendermos o Brasil. A história está, por isso, em periódico processo de reinterpretação.

A editora de Humanidades da revista, Glenda Mezarobba, concebeu e produziu a seção sobre a Independência no nosso site, que, com esta edição, soma mais de 30 reportagens, vídeos e podcasts. A sua apresentação oferece uma perspectiva desse conjunto, lembrando que o esforço coletivo culmina neste especial, mas não se encerra aqui.

À medida que a apuração das reportagens avançou, ficou evidente a necessidade de pensar as imagens com especial atenção. Os quadros, desenhos e gravuras produzidos à época refletem os padrões estéticos e as formas de ver o mundo de então. Devem ser vistos hoje em um registro crítico, sem reduzir a sua importância, mas sem reproduzir a ideia de uma iconografia oficial daquele processo histórico. Para pensar essa questão, convidamos um editor especial de arte para o bicentenário, o designer gráfico Gustavo Piqueira.

Mesmo tendo material especial para ocupar toda a Pesquisa FAPESP, mantivemos uma versão reduzida da revista em seu formato habitual. Política traz uma reportagem sobre como a pandemia afetou as revistas científicas nas áreas da saúde. A possibilidade de que a depressão em idosos seja um sinal precoce de demência em alguns casos é objeto de pesquisa realizada com mais de 700 pessoas. Ciência apresenta ainda reportagem sobre as mudanças climáticas, com trabalho que concluiu que as devastadoras chuvas que assolaram o Nordeste brasileiro em maio foram 20% mais intensas devido às alterações do clima. Tecnologia traz um dispositivo criado por físico da Unicamp e lançado por uma empresa norte-americana este ano que eleva a eficiência de microscópios de varredura de tunelamento – equipamentos que produzem imagens na escala do nanômetro. A editoria fecha com reportagem sobre critérios para classificar os produtos das abelhas nativas do Brasil, sem ferrão, cuja diversidade não se enquadra no padrão desenvolvido para a onipresente abelha-africana.

Ficou com vontade de compartilhar sua opinião sobre esta edição? Gostaríamos de ouvi-la. Escreva à revista por e-mail (redacao@fapesp.br) ou mande mensagem pelas redes sociais: @PesquisaFapesp, no Facebook e no Twitter, pesquisa_fapesp no Instagram.

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