Ir ao Butantan ver serpentes de perto é o sonho de muita criança em São Paulo, que assim aprende a valorizar essa fauna, em geral vista como vilã. Em meio às construções centenárias que abrigam um produtivo centro de pesquisa, o público encontra ricas iniciativas de divulgação de ciência, entre museus, um parque e poços que abrigam serpentes ao ar livre. As amplas atividades de difusão foram reconhecidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ao declarar a instituição a vencedora da 44ª edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica, como anunciado em 13 de maio, por sua trajetória nas áreas de pesquisa, ensino, cultura e divulgação científica.
Criado em 1901 para combater um surto de febre bubônica no estado de São Paulo, o instituto ampliou sua atuação para abarcar uma diversidade de problemas de saúde pública, com destaque no que diz respeito a animais peçonhentos e produção de vacinas. E muita informação.
A difusão de conhecimento não se restringe aos muros do instituto na zona oeste paulistana. Há décadas, boa parte do país sabe que o Butantan é o melhor destino para serpentes capturadas, porque lá se produz soro antiofídico – além de vacinas e pesquisa científica, entre outras atividades. Durante a pandemia de Covid-19, os veículos de comunicação do Butantan se dedicaram a disseminar informações relevantes para o momento e a desmentir boatos sobre vacinas. As ações presenciais de divulgação de ciência se dão por meio do Parque da Ciência Butantan, que abarca os museus Biológico, de Microbiologia, de Vacina e Histórico, além do Horto Oswaldo Cruz. Nas férias escolares, a instituição promove uma extensa programação recreativa e educativa.
À distância, o público conta com o conteúdo difundido pelo portal do instituto, pelo canal no YouTube e pelas mídias sociais. Antenado às atualidades, em maio o perfil do Instagram se concentrou em informações sobre doenças que podem ser transmitidas em consequência das inundações no Rio Grande do Sul. Os vídeos no YouTube apresentam formatos variados que transitam entre explicações sobre animais e questões de saúde, entrevistas com pesquisadores e quadros lúdicos e educativos como o “cientista reage”, sobre a ciência em filmes de animação.
A comissão avaliadora do prêmio também levou em conta o papel informativo da assessoria de imprensa, dos eventos e seminários, da Escola Superior do Butantan, voltada à formação e especialização de estudantes e profissionais nas áreas da saúde e afins, do LabMóvel (laboratório móvel que percorreu o estado fazendo diagnóstico de Covid-19) e de publicações educativas.
A premiação, que inclui troféu e diploma, acontecerá em julho durante a 76ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), no campus de Guamá da Universidade Federal do Pará (UFPA), em Belém, Pará.
Uma versão deste texto foi publicada na edição impressa nº 340, de junho de 2024, representada no pdf.
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