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Boas práticas

Integridade científica em pauta no Brasil

Boas Práticasdaniel buenoApontado como líder na América Latina em iniciativas sobre integridade científica, o Brasil sediará a quarta edição da Conferência Mundial sobre Integridade Científica, entre os dias 31 de maio e 3 de junho, no Rio de Janeiro. Os inscritos incluem pesquisadores e gestores de cerca de 120 instituições públicas em 43 países. Neste ano, o foco do evento será a relação entre integridade na pesquisa e ações associadas com a melhoria das práticas nos sistemas de ciência e tecnologia. O Brasil, que participará da conferência com 13 trabalhos acadêmicos, privilegiará os aspectos educacionais sobre o tema. Em relação às edições anteriores, a quarta edição trará algumas novidades.

Entre elas, haverá a realização de oficinas e minicursos para autores e editores científicos. “Bolsistas da FAPESP poderão utilizar suas reservas técnicas para custear a participação no evento, desde que se inscrevam e frequentem cursos”, diz Luiz Henrique Lopes dos Santos, coordenador adjunto de Ciências Humanas e Sociais da FAPESP e membro do comitê de organização da conferência.

Entre as contribuições brasileiras que serão apresentadas na conferência, está um estudo sobre os desafios culturais impostos pela abordagem internacional sobre integridade científica. A pesquisa em andamento faz uma descrição do sistema de capacitação em ética na pesquisa adotado pelo projeto International Clinical Operational and Health Services Research and Training Award (ICOHRTA), com apoio financeiro do Fogarty International Center, dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), nos Estados Unidos. “Queremos avaliar aspectos culturais e locais que devem fazer parte de cursos direcionados à integridade em pesquisa, considerando as peculiaridades de diferentes sistemas de ciência e tecnologia”, explica José Roberto Lapa e Silva, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do estudo.

O trabalho faz parte de um grande projeto de colaboração iniciado em 2002 entre instituições brasileiras e universidades americanas, como a Johns Hopkins e a Cornell. O objetivo é levar capacitação em integridade científica a pesquisadores das áreas clínica e operacional em tuberculose e Aids. “Além da avaliação, já foi oferecido o primeiro workshop para pesquisadores brasileiros de diferentes instituições do país, a maioria atuando na área de clínica médica”, diz Sonia Vasconcelos, professora do programa de Educação, Gestão e Difusão em Biociências do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis da UFRJ e coautora do estudo. Ela integra o comitê de organização do evento.

No ano passado, Sonia participou da terceira edição da conferência, realizada no Canadá. Um dos pontos fortes do evento, diz ela, foram as discussões sobre a relação entre integridade científica e a confiança pública na ciência. “Esse tema foi bem explorado na discussão sobre a credibilidade de resultados de pesquisa e sua relação com a apropriação do conhecimento científico pelos pares e a correção da literatura”, diz Sonia. Nos últimos anos, algumas instituições passaram a investir na realização de reuniões e seminários para discutir o tema, e começam a surgir cursos de extensão e disciplinas na pós-graduação.

Como exemplo, Sonia cita o Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho e o Instituto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), ambos na UFRJ. Ela também cita a PUC do Rio Grande do Sul, que tem várias ações educacionais. Essas iniciativas estão alinhadas com as diretrizes da FAPESP, que em 2011 lançou seu código de boas práticas científicas com o objetivo de reforçar na comunidade científica de São Paulo uma cultura sólida de integridade ética da pesquisa, e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A programação e a inscrição estão em http://wcri2015.org

Bolsistas da FAPESP poderão utilizar suas reservas técnicas para custear sua participação no evento

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