A bacia amazônica funciona como uma janela para o passado, no que diz respeito a processos atmosféricos. Como quase não sofre influência da ação humana, preserva aspectos pré-industriais da emissão de aerossóis, as partículas suspensas na atmosfera. Um estudo com participação do físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo, encontrou concentrações baixíssimas de partículas acima da floresta virgem (Science). Os resultados mostram que a Amazônia é como um reator biogeoquímico que produz partículas de aerossol a partir de emissões de plantas e de micróbios, junto com vapor de água, luz solar e foto-oxidação. Faz diferença, por exemplo, para a produção de chuvas: em ambientes poluídos, o número de gotículas nas nuvens depende da velocidade da corrente de ar ascendente; já acima da floresta virgem, o número de gotas é diretamente proporcional ao de partículas de aerossol. Entender as nuvens é, sem dúvida, essencial nos estudos do clima.
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