Saldos na balança comercial (exportações menos importações) resultantes da venda de carne e produtos agrícolas de regiões tropicais para grandes mercados consumidores, como China, Estados Unidos, Oriente Médio e Europa, implicam, muitas vezes, perda da biodiversidade. Pesquisadores da Universidade Técnica de Munique (TUM), na Alemanha, e do Instituto Federal de Tecnologia (ETH), de Zurique, na Suíça, após rastrearem as mudanças no uso da terra em países exportadores de commodities agrícolas de 1995 a 2022, verificaram que quase dois terços do impacto global da biodiversidade ocorreram em regiões tropicais. Quatro países – Indonésia (22%), Brasil (11%), Madagascar (10%) e México (8%) – respondem por metade das perdas globais de biodiversidade por meio de mudanças no uso da terra nesse período. O que mais pesou para a perda de riqueza biológica na Indonésia foi o desmatamento de florestas primárias para cultivo de arroz e grãos; no Brasil e em Madagascar foi a derrubada de áreas verdes, substituídas por pastos visando à exportação de carne bovina; e, no México, a ocupação de áreas de vegetação nativa para produção de vegetais, frutas e nozes. Mais de 80% das mudanças no uso da terra na América Latina, Caribe, África, Sudeste Asiático e região do Pacífico decorreram do aumento das exportações agrícolas (Nature Sustainability, 13 de setembro).
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