Os físicos do Observatório Pierre Auger concluíram que os raios cósmicos de energias ultra-altas podem ser constituídos por aglomerados de prótons, partículas com carga elétrica positiva, e de nêutrons, partículas sem carga elétrica – e não simplesmente prótons, como se pensou por muitos anos. “Os raios cósmicos de energias mais altas tendem a ser núcleos de átomos de ferro, com muitos prótons e nêutrons”, diz Carlos Escobar, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), um dos coordenadores da equipe brasileira no Pierre Auger. Os resultados mais recentes dão mais massa aos bastante raros raios cósmicos de energias mais altas (Physical Review Letters). Se forem realmente núcleos de ferro, um dos elementos químicos mais abundantes no Universo, podem tomar a forma de bolotas superenergéticas de 28 nêutrons e 26 prótons. Outra possibilidade é que sejam núcleos de carbono, com apenas seis prótons e seis nêutrons, produzidos pela fragmentação de núcleos de ferro. “Os raios cósmicos de energias mais altas parecem ser, na verdade, um coquetel, uma mistura de partículas”, diz Escobar. “Quanto maior a energia, aparentemente maior é a participação dos núcleos mais pesados.”
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