A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern) lançou no início de maio um desafio entre cientistas da computação a fim de estimular o desenvolvimento de programas de inteligência artificial para a análise de dados. Motivados a desvendar a constituição fundamental da matéria, os físicos do Grande Colisor de Hádrons (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, localizado nas proximidades de Genebra, Suíça, pretendem aumentar em ao menos 20 vezes o número de colisões de partículas realizadas no laboratório na próxima década. O crescimento no número desses eventos deve superar a capacidade atual de análise do LHC, onde centenas de milhões de colisões acontecem a cada segundo. Os detectores do acelerador registram informações de toda partícula que os atravessa, mas armazenam e reconstroem trajetórias apenas das colisões com os resultados mais interessantes. A seleção dessas colisões é feita por meio de algoritmos de reconhecimento de padrão, embora o processo seja lento, contou a cientista da computação Cécile Germain à revista Nature. A aposta em desenvolver algoritmos que usam aprendizado de máquina surgiu da parceria entre o Cern e a Kaggle Competições. Centenas de gigabytes de informação sobre colisões de partículas foram disponibilizadas para os competidores que, nos próximos três meses, vão usar a base para treinar seus algoritmos a reconstruir trajetórias das partículas de maneira precisa. Os melhores algoritmos selecionados na primeira fase da competição serão premiados em julho deste ano no Rio de Janeiro, durante o Congresso Mundial de Ciências da Computação. Os prêmios são de US$ 5 mil, US$ 8 mil e US$ 12 mil. A maratona termina em dezembro, em Montreal, Canadá.
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