Uma pesquisa on-line realizada com 1.443 médicas brasileiras mostrou que 51% delas já foram vítimas de agressões verbais ou físicas, 62,5% sofreram assédio moral ou sexual no ambiente de trabalho e 74% testemunharam ou souberam de casos de assédio envolvendo colegas. No universo de entrevistadas, 44,6% denunciaram o caso de assédio ou agressão à chefia imediata ou à diretoria, mas apenas 11,24% afirmaram que a reclamação surtiu algum efeito, desencadeando apuração dos fatos e providências. Um total de 10,6% prestou queixa a órgãos policiais ou levaram o caso à Justiça, enquanto só 5,4% afirmaram que os casos foram apurados e os responsáveis, punidos. O levantamento foi promovido pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pela Associação Paulista de Medicina (APM) entre os dias 25 de outubro e 16 de novembro.
Uma das coordenadoras da pesquisa, a médica Maria Rita Mesquita, disse à Agência Brasil que a pesquisa mapeou um conjunto extenso de dificuldades enfrentadas pelas médicas, como excesso de trabalho, dupla jornada, baixa remuneração, machismo e misoginia. Segundo ela, o papel de entidades como a AMB e a APM é “dar voz a essas mulheres e criar grupos que discutam ações”. A AMB dispõe de um canal de denúncias de violência ou desrespeito a direito franqueado a médicas.
Foram avaliadas as condições de trabalho das médicas. Apenas 23,6% consideraram que há igualdade de gêneros na carreira médica e em políticas de promoções e somente 12,4% informaram existir creches para seus filhos no local de trabalho. Um dado positivo é que 82,5% afirmaram que a remuneração das mulheres médicas é igual à dos homens médicos no lugar em que trabalham.
Republicar