O medo de retaliação do governo sob a forma de multas e prisões está fazendo com que revistas científicas russas retratem artigos que possam infringir a chamada “lei anti-LGBT”, que proíbe os cidadãos russos de “fazer propaganda de preferências ou relações sexuais não tradicionais”. No início de dezembro, a Logos, principal periódico em língua russa nas áreas de filosofia, ciências sociais, humanidades e estudos culturais, retratou um artigo de Reina Lewis, professora de estudos culturais na Escola de Moda de Londres, no Reino Unido, “devido à presença de sinais que se enquadram no escopo da lei”. O trabalho, segundo informou o site Retraction Watch, que rastreia trabalhos científicos cancelados por erros ou má conduta, tratava do olhar lésbico e o imaginário da moda.
Outras publicações agora estão adotando esse mesmo tipo de medida, segundo nota do Conselho Russo de Ética em Publicação divulgada em dezembro. A declaração denuncia o “uso indevido de retratação” em resposta à lei, mas também expressa preocupação com a segurança das equipes editoriais e dos autores que publicam nas revistas. “Desde fevereiro de 2022, a Rússia encontra-se em uma situação na qual os requisitos legais e as práticas de aplicação da lei podem entrar em conflito com as normas de liberdade acadêmica e integridade científica. Nessas circunstâncias, alguns periódicos russos seguem o caminho da autocensura, retratando artigos cuja publicação, na visão dos editores, poderia levar a sanções do Estado”, escreveram.
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