O propósito do artigo “Curva de rendimentos: uma análise no mercado de trabalho urbano e rural no Brasil” é analisar empiricamente o grau de flexibilidade dos rendimentos no país, enfatizando as diferenças entre os mercados de trabalho urbano e rural brasileiros. O estudo é de autoria dos economistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Igor Viveiros de Souza e Ana Flávia Machado. No artigo são apresentados modelos sobre os diferenciais de rendimentos entre o campo e cidade e a relação existente entre desemprego de longo prazo e níveis salariais. “Historicamente, as áreas urbanas têm apresentado, em relação às áreas rurais, maiores níveis salariais, bem como melhor estrutura organizacional de seus trabalhadores e um maior acesso da legislação pertinente”, aponta o levantamento. Portanto, é de esperar que as regiões produtoras de bens agrícolas apresentem maior sensibilidade a variações na produtividade, alterando seu produto e os níveis de emprego mais rapidamente, o que caracterizaria uma maior flexibilidade de seus mercados. Porém, revela a pesquisa, a análise da curva de rendimentos para o Brasil, no período compreendido entre 1981 e 1999, mostra que, por não possuir relações trabalhistas típicas de um mercado capitalista, os níveis de desemprego nas áreas rurais pouco sofrem com as flutuações econômicas brasileiras em relação aos trabalhadores urbanos. Não é possível, portanto, aplicar o conceito de flexibilidade do mercado de trabalho em atividades localizadas no campo. Nas áreas urbanas, o mercado de trabalho no Brasil mostra ser mais flexível, conclui a pesquisa.
Revista de Economia e Sociologia Rural – vol. 42 – nº 1 – Brasília – jan./mar. 2004
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