Imprimir Republicar

Meteorologia

Julho deste ano no Brasil foi o mais quente desde 1961

Temperatura média no território nacional chegou a 22,97 °C, isto é, 0,2 °C acima do recorde anterior, de 2022

Pelo segundo ano consecutivo, a temperatura média no país em julho bate recorde

Fabio Teixeira/Anadolu Agency via Getty Images

Com temperatura média de 22,97 graus Celsius (°C), o mês passado foi o julho mais quente registrado no Brasil desde 1961, quando o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) começou a realizar medições regulares em diversas partes do país. A marca é 0,2 °C maior do que o recorde anterior – de 22,77 °C, medido em julho de 2022 – e 1,04 °C acima da média histórica do mês.

A temperatura média do Brasil é calculada a partir dos valores registrados por mais de 650 estações meteorológicas do Inmet espalhadas pelo território nacional. As estações automáticas captam a temperatura de hora em hora e as convencionais, três vezes ao dia.

As regiões com as maiores altas foram o sul da Amazônia, o Centro-Oeste e o Sul. Em Porto Alegre, por exemplo, onde o inverno costuma ser severo, a temperatura mínima esteve durante sete dias consecutivos, de 20 a 26 de julho, acima da temperatura média histórica do mês, que é de 10,4 °C. No dia 23, a mínima foi 7,2 °C acima da média. No Rio Grande do Sul, choveu também mais do que o normal em julho e houve a passagem de um ciclone extratropical que provocou 16 mortes.

Alexandre Affonso/ Revista Pesquisa FAPESP

“Um conjunto de fatores contribuiu para a elevação das temperaturas, desde mudanças no uso do solo, como a diminuição de áreas verdes e o aumento das áreas urbanizadas, até a presença do El Niño neste ano [aquecimento anormal das águas superficiais do Pacífico Tropical que tende a alterar o regime de chuvas e o padrão de temperatura em várias partes do globo]”, comenta a meteorologista Danielle Barros Ferreira, do Inmet. “Mas, desde os últimos 10 anos, o papel das mudanças climáticas no aquecimento terrestre é inegável.”

No hemisfério Sul, parece haver uma tendência de as temperaturas no inverno se tornarem mais amenas. Reportagem do jornal britânico The Guardian desta semana sugere que a estação mais fria do ano pode estar desaparecendo na América do Sul. Em 1º de agosto, a temperatura máxima em Buenos Aires passou dos 30 ºC e foi a maior registrada nesse dia nos últimos 117 anos, quando o Serviço Meteorológico Nacional (SMN) passou a colher sistematicamente esse tipo de dados.

Alexandre Affonso/Revista Pesquisa FAPESP

“As temperaturas do inverno estão fora do normal não apenas na região central de Buenos Aires, mas também no norte, na fronteira com a Bolívia e o Paraguai, onde as temperaturas alcançaram entre 37 ºC e 39 ºC nesta semana”, disse, ao Guardian, a meteorologista Cindy Fernández, porta-voz do SMN. Temperaturas dessa ordem também foram observadas no Chile.

No hemisfério Norte, onde é verão, ondas de calor com temperaturas acima dos 40 ºC assolam a Europa e a América do Norte, provocando incêndios florestais e mortes na população mais idosa. Dados de serviços como a Administração Atmosférica e Oceânica Nacional (Noaa) e a agência europeia Copernicus apontam, ainda de forma preliminar, que julho de 2023 deve ter sido o mês mais quente já registrado na história recente do planeta.

Republicar