Sandro Castelli
Os pesquisadores estiveram na cratera no final do ano passado e coletaram amostras de rochas sedimentares que exibem registros macroscópicos e microscópicos do impacto de um corpo celeste: os chamados cones de estilhaçamento ou shatter cones, estruturas estriadas que lembram a ponta de uma árvore de Natal, e deformações planares em cristais de quartzo. “Ainda não sabemos com certeza a idade da cratera”, afirma Crósta, que em breve vai publicar um artigo científico com mais detalhes sobre o trabalho. Eles estimam que Santa Marta se formou entre 145 e 300 milhões de anos atrás, pois ali encontraram rochas sedimentares que vão do período Cretáceo ao início do Carbonífero.

Núcleo da cratera de Santa Marta, no Piauí: a sétima no Brasil criada pelo impacto de uma rocha celesteAlvaro Penteado Crósta
A localização da nova cratera, que foi identificada pela primeira vez em mapas cartográficos na década de 1970 e posteriormente em imagens de satélite, desperta a curiosidade dos pesquisadores. Afinal, Santa Marta se situa numa área relativamente próxima a duas formações comprovadamente surgidas em razão de impactos de rochas celestes: as crateras de Serra da Cangalha, no Tocantins, e Riachão, no Maranhão. As três estão dentro da bacia do Parnaíba e estão sendo estudadas em mais detalhes pelo grupo da Unicamp em parceria com cologas do Museu de História Natural de Berlim.
A quantidade de crateras encontradas no Brasil é pequena quando comparada com as identificadas no mundo, que passam de 180, com grande concentração na América do Norte, Austrália e Europa. Isso não quer dizer que poucos meteoritos ou cometas caíram por aqui. Eles caíam, mas seus vestígios foram apagados ou simplesmente não puderam ser encontrados. “Ainda temos pouca pesquisa nessa área”, comenta Crósta.
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