A Universidade Sorbonne, em Paris, na França, anunciou que em 2026 deixará de fornecer dados para a coleção de rankings acadêmicos produzida pela revista Times Higher Education (THE) – o mais famoso deles é o World University (WU), que classifica 2.191 instituições de 115 localidades. Uma das justificativas para a decisão, segundo a cientista da computação Nathalie Drach-Temam, reitora da Sorbonne, é a falta de transparência na seleção dos dados para avaliar o desempenho das instituições. “Estamos deixando esse ranking específico, mas nossa crítica aos rankings universitários internacionais é global”, disse a reitora, segundo o site Science/Business. “Esses rankings, construídos com base em indicadores quantitativos selecionados e amalgamados em uma única pontuação, não são projetados para avaliar a pesquisa nem para refletir a amplitude e a profundidade das missões das instituições de pesquisa e ensino superior.”
A Sorbonne ocupa a 75ª posição no WU. A universidade integra a Coalizão para o Avanço da Avaliação da Pesquisa (Coara), que reúne universidades, agências de fomento e instituições de pesquisa na defesa de metodologias de avaliação mais sólidas. Segundo um dos documentos publicados pela coalizão, evitar o uso dos rankings “ajudará a comunidade de pesquisa e as organizações de pesquisa a recuperar a autonomia para moldar as práticas de avaliação, em vez de terem que acatar critérios e metodologias definidos por empresas comerciais externas”.
O movimento da universidade francesa não é isolado. No final de 2022, as faculdades de direito das universidades Yale, Harvard e Columbia, nos Estados Unidos, abandonaram os tradicionais rankings acadêmicos da U.S. News & World Report, uma revista semanal que deixou de circular em 2010, mas segue publicando na internet classificações de faculdades e universidades, seu produto mais famoso. A então diretora da Faculdade de Direito de Yale, Heather K. Gerken, afirmou na época que as pontuações do ranking da U.S. News desvalorizavam programas da instituição que promovem carreiras de interesse público e defendem auxílio financeiro para alunos da classe trabalhadora. “Chegamos a um ponto em que o processo de classificação está minando os principais compromissos da profissão jurídica.”
Em 2023, 52 universidades da Coreia do Sul anunciaram um boicote ao ranking da empresa inglesa Quacquarelli Symonds (QS), depois que uma mudança na metodologia provocou quedas drásticas no desempenho das instituições. Em 2024, a Universidade de Zurique, na Suíça, também desistiu do THE.
A reportagem acima foi publicada com o título “Universidade Sorbonne, em Paris, anuncia seu desligamento de tradicional ranking acadêmico em 2026” na edição impressa nº 358 de novembro de 2025.
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